segunda-feira, 21 de fevereiro de 2022

OPINIÕES DE SEGUNDA

A educação e a saúde mental

Para além da saúde física, são crescentes as preocupações com a saúde mental e o equilíbrio emocional das crianças e dos jovens.

Face à alegada “ditadura da felicidade”, Lucília Pereira fala de múltiplas pressões e sublinha que é “imprescindível que a escola faça uma reflexão e tome uma posição responsável sobre a saúde mental.”

“É imprescindível que a escola faça uma reflexão e tome uma posição responsável sobre a saúde mental”.

Recentemente, em Portugal, o governo limitou a venda, nas escolas públicas, de produtos considerados prejudiciais à saúde dos alunos. Discorde-se ou concorde-se com estas restrições, o certo é que existe aqui uma tentativa de entender melhor a saúde física dos jovens e crianças e os modos de a promover. No entanto, venho introduzir uma outra dimensão nesta discussão: e a saúde mental?

Não pretendo desvalorizar as medidas instituídas pelo governo, mas, sim, trazer ao debate a saúde mental e a sua relação com a educação. Isto porque, num mundo que desejamos ser mais informado, a escola não pode fugir à responsabilidade que é compreender as vivências e representações dos seus estudantes. Ou melhor, deve assumir um lugar de destaque na implementação de ações que protejam e promovam a saúde mental, não só dos alunos como também do pessoal docente, pois, infelizmente, a saúde mental ainda é um tabu na nossa sociedade.

Há quem defenda que encontramos hoje nas escolas a “ditadura da felicidade”. Estudos sobre o estado psíquico dos alunos revelam a existência de elevados níveis de ansiedade nas crianças e nos jovens de hoje. Problemas mentais mais sérios são cada vez mais e têm preocupado professores e famílias.

Procuradas as causas, a sociedade, a entidade vaga que usamos regularmente para justificar os nossos problemas, é considerada a culpada. Mas a escola também parece ter responsabilidades: é a pressão de atingir objetivos, ter boas notas, boas médias, entrar no curso superior pretendido.

Perante esta situação, e mais importante que apurar “culpados”, a prioridade deverá ser trabalhar para aligeirar a manifestação desses transtornos. A pandemia e o ensino@distância fizeram os jovens passar mais tempo em casa, agarraram-nos mais aos dispositivos digitais, deixando de conviver com os outros. Torna-se, pois, imprescindível que a escola faça uma reflexão e tome uma posição responsável sobre a saúde mental.

Apesar de serem vários os estudos e as informações relativas a este tema, apelo a uma acrescida consciencialização e valorização desta ligação entre a educação e a saúde mental, para que se identifiquem as situações nas suas fases iniciais e se promovam os tratamentos de forma atempada.

Lucília Pereira, 12.º ano.

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