A educação e a saúde mental
Para além da saúde física,
são crescentes as preocupações com a saúde mental e o equilíbrio emocional das
crianças e dos jovens.
Face à alegada “ditadura
da felicidade”, Lucília Pereira fala de múltiplas pressões e sublinha que é “imprescindível
que a escola faça uma reflexão e tome uma posição responsável sobre a saúde
mental.”
“É imprescindível que a escola faça uma reflexão e tome uma posição responsável sobre a saúde mental”. |
Recentemente, em Portugal,
o governo limitou a venda, nas escolas públicas, de produtos considerados
prejudiciais à saúde dos alunos. Discorde-se ou concorde-se com estas
restrições, o certo é que existe aqui uma tentativa de entender melhor a saúde
física dos jovens e crianças e os modos de a promover. No entanto, venho
introduzir uma outra dimensão nesta discussão: e a saúde mental?
Não pretendo desvalorizar
as medidas instituídas pelo governo, mas, sim, trazer ao debate a saúde mental
e a sua relação com a educação. Isto porque, num mundo que desejamos ser mais
informado, a escola não pode fugir à responsabilidade que é compreender as
vivências e representações dos seus estudantes. Ou melhor, deve assumir um
lugar de destaque na implementação de ações que protejam e promovam a saúde
mental, não só dos alunos como também do pessoal docente, pois, infelizmente, a
saúde mental ainda é um tabu na nossa sociedade.
Há quem defenda que
encontramos hoje nas escolas a “ditadura da felicidade”. Estudos sobre o estado
psíquico dos alunos revelam a existência de elevados níveis de ansiedade nas
crianças e nos jovens de hoje. Problemas mentais mais sérios são cada vez mais
e têm preocupado professores e famílias.
Procuradas as causas, a sociedade,
a entidade vaga que usamos regularmente para justificar os nossos problemas, é
considerada a culpada. Mas a escola também parece ter responsabilidades: é a
pressão de atingir objetivos, ter boas notas, boas médias, entrar no curso
superior pretendido.
Perante esta situação, e
mais importante que apurar “culpados”, a prioridade deverá ser trabalhar para
aligeirar a manifestação desses transtornos. A pandemia e o ensino@distância
fizeram os jovens passar mais tempo em casa, agarraram-nos mais aos dispositivos
digitais, deixando de conviver com os outros. Torna-se, pois, imprescindível
que a escola faça uma reflexão e tome uma posição responsável sobre a saúde
mental.
Apesar de serem vários os
estudos e as informações relativas a este tema, apelo a uma acrescida
consciencialização e valorização desta ligação entre a educação e a saúde mental,
para que se identifiquem as situações nas suas fases iniciais e se promovam os
tratamentos de forma atempada.
Lucília Pereira,
12.º ano.
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