“Fernão de Magalhães: 500 anos da viagem”
O Agrupamento de Escolas de Ponte da Barca assinala os cinco séculos do
início da viagem de Fernão de Magalhães com uma exposição no polivalente da
Escola Secundária.
A mostra pode ser visitada até ao próximo dia 30 de setembro e tem por base trabalhos realizados pelos alunos do 8.º ano, no âmbito da disciplina de História, no ano letivo 2014/2015.
A mostra pode ser visitada até ao próximo dia 30 de setembro e tem por base trabalhos realizados pelos alunos do 8.º ano, no âmbito da disciplina de História, no ano letivo 2014/2015.
Património de Magalhães
Há
cinco séculos, no dia 20 de setembro de 1519, Fernão de Magalhães ousou fazer-se
ao mar com o objetivo
de chegar
às Molucas, a famosa ilha das especiarias, navegando para Ocidente.
Ao lançar-se na aventura
da organização e do comando da expedição marítima que partiu de Sanlúcar de
Barrameda, estava a ser o mentor de uma odisseia sem precedentes que alterou, para sempre,
os limites do conhecimento e redesenhou o “mapa mundi” que ainda hoje
usamos.
A
grandeza do seu feito ofereceu-lhe o prémio da imortalidade. O nome do
navegador ficou para a posteridade escrito com letras de ouro nos anais da História.
É o
artífice heroico daquela que foi considerada a primeira viagem de
circum-navegação e um dos
primeiros homens a dar a volta ao mundo, considerando
a sua passagem por terras do Oriente, entre 1505 e 1513, ao serviço de Portugal.
Nesta
epopeia, seria o
primeiro a alcançar (e a designar) a Terra do Fogo, no extremo sul do continente americano, o primeiro a atravessar o estreito que une o Atlântico e o
Pacífico, e que ficaria com o seu nome, o primeiro a cruzar este oceano, que ele próprio nomeou como tal.
Descobriu pinguins tão diferentes,
que passaram a chamar-se
pinguim Magalhães. Aportou a uma nova terra a que
deu o nome de Patagónia, habitada por nativos
gigantes, de
pés enormes, os Patagões.
E o seu apelido
mantém-se vivo em designações como o Estreito de Magalhães, as nuvens de
Magalhães, as crateras lunares de Magalhães e as crateras marcianas de Magalhães. A Região de
Magalhães ou Antártida Chilena, a Universidade de Magalhães (UMAG), em Punta
Arenas, no Chile. E
ainda o sistema GPS Magalhães, a
sonda espacial da NASA Magellan, fundos de investimento internacionais,
programas de computador, projetos de inovação.
Estes são
apenas alguns sinais da notável herança que a aventura de Fernão de Magalhães
representa, algumas marcas do património de um dos maiores navegadores de todos
os tempos, considerado uma das figuras mais influentes do segundo milénio.
Tal como há 500 anos,
“Magalhães” continua a ser sinónimo de vanguarda, de arrojo, de
empreendorismo, de ação, de inovação, de interculturalidade, de abertura, de excelência.
Provavelmente
de origem celta (do
termo “magal”, que significa “grande”
ou “grandioso”), o apelido “Magalhães” tem raízes toponímicas, pois a família que deu
origem a esta linhagem começou por habitar a chamada Torre de
Magalhães, na
freguesia de São Martinho do Paço Vedro de Magalhães, na então Terra da Nóbrega, atual concelho de Ponte da
Barca.
Nascido por
volta de 1480, a questão da sua naturalidade continua em aberto, com Sabrosa,
Porto e Ponte da Barca a serem referidas como as localidades mais prováveis.
Nas palavras do catedrático Avelino da Costa, vale a pena recordar que, “se o seu nascimento na Terra da Nóbrega não é certo, é, todavia, provável. E é absolutamente certo que ele pertencia à família dos Magalhães, senhores da Terra da Nóbrega, e que manteve amistosas relações com esta família, mesmo depois de já estar fora de Portugal ao serviço de Espanha”.
Nas palavras do catedrático Avelino da Costa, vale a pena recordar que, “se o seu nascimento na Terra da Nóbrega não é certo, é, todavia, provável. E é absolutamente certo que ele pertencia à família dos Magalhães, senhores da Terra da Nóbrega, e que manteve amistosas relações com esta família, mesmo depois de já estar fora de Portugal ao serviço de Espanha”.
Na mesma linha de
pensamento vão outros historiadores prestigiados, tais como Queirós Veloso e António Baião.
Este último, na sua intervenção na Academia de Ciências de Lisboa, na sessão
solene de 27 de abril
de 1921, para comemorar o IV centenário da morte do navegador, defendeu,
precisamente, a sua naturalidade barquense, terminando o discurso da forma mais
eloquente:
“[…] Terra da Nóbrega,
Ribeira Lima, sob as tuas uveiras frondosas se acoitou por certo o herói Fernão
de Magalhães, ou sob as tuas carvalheiras gigantescas e umbrosas. Sem par é o verde que
atapeta as tuas montanhas, como sem par é o azul do céu que elas recortam. A
mesma brisa fagueira, coada pelos teus pinhais, que veio a afinar a lira
soidosa de Bernardes, retemperou a fibra de aço do primeiro circum-navegador do
globo. Dos teus blocos de granito foi talhado por perito alvenel a sua rijeza
de ânimo e o seu carácter inquebrantável […]”.
Mais
importante, porém, do que a sua naturalidade é o impacto do seu feito. E, a
este nível, Fernão (…de Magalhães) é
uma figura com dimensão planetária, um vulto da Humanidade, um património
inesgotável. Que importa conhecer e valorizar!
Prof. Luís Arezes (Biblioteca Escolar)