PEDRA FILOSOFAL
Na
sexta-feira da semana passada, assinalámos o Dia Nacional da Cultura
Científica. E foi escolhido o 24 de novembro porque foi nesse dia, em 1906, que
nasceu Rómulo de Carvalho, professor de Física e Química, grande responsável
pela promoção do ensino de ciência e da cultura científica em Portugal.
Acontece
que, para além de homem da ciência e de professor, Rómulo de Carvalho foi
também um grande poeta. E como poeta ficou conhecido pelo pseudónimo de António
Gedeão.
Pois
bem… Nesta edição oitava de “A Cantiga é uma Arma”, vamos dedicar a nossa
atenção a uma dos poemas mais conhecidos de Gedeão. Chama-se “Pedra Filosofal”
e faz parte da obra “Movimento Perpétuo”, publicada em 1956.
Mas,
afinal, o que é que vem a ser a “pedra
filosofal”?
Segundo
a “Enciclopédia Significados”, “pedra filosofal é um objeto ou substância
lendária com poderes incríveis, capaz de transformar qualquer metal em ouro.”
Também poderia ser usada para criar o elixir da vida, “que tinha a propriedade
de prolongar a vida da pessoa que o bebesse.”
Por
isso é que a “pedra filosofal e os seus poderes estão relacionados com a
transmutação e a vontade de criar que existe dentro de cada ser humano.”
Não
admira, portanto, que o poema tenha despertado tanto interesse e, sobretudo, se
tenha tornado muito popular, quando, em 1970, Manuel Freire, o musicou e
interpretou.
Exaltando
a força criadora do Sonho, que “é uma constante da vida” ao longo da história
da Humanidade, o poema (e a canção…) lançam um fortíssimo desafio à ação, à
intervenção, à capacidade da alma humana de imaginar, de antecipar, de modelar,
de criar, de transformar:
“(…) Eles não
sabem, nem sonham,
que o sonho comanda
a vida,
que sempre que um
homem sonha
o mundo pula e
avança
como
bola colorida
entre
as mãos de uma criança.”
Pelo
contexto em que se vivia, em Portugal, no início dos anos 70 do século passado,
a canção rapidamente se tornou num hino e numa bandeira da resistência contra a
ditadura.
Dir-se-ia
que estávamos perante um grito de cidadania, que apelava, simbolicamente, à
busca da “Pedra Filosofal”, capaz de transformar o país num Portugal novo, um
país de Liberdade, de Democracia.
Vamos,
então, ouvir – e cantar – a “Pedra Filosofal”, um poema inspirador e intemporal de Gedeão, na voz de Manuel Freire…
A
Organização