O Sonho
comanda a Vida
Os alunos do
12.º ano, turmas A e B, lançaram mãos à obra e trataram de exercitar a
expressão escrita.
Sob a
orientação da professora Laura Rodrigues, docente de Português, deram largas à
sua criatividade, produzindo um texto sobre a importância do sonho na vida do ser humano ou, se
preferirmos, sobre o valor da “loucura” na história das nossas vidas e no progresso
da Humanidade.
Partilhamos seis dos trabalhos…
“(…) só me interessam os doidos,
doidos por viver, por falar, desejosos de tudo, que nunca bocejam nem dizem
nada banal…, mas que ardem, ardem como fogos de artifício riscando a noite.”
Por mais que tentemos algo de
original, haverá sempre alguém que já o conseguiu com maior mestria
(geralmente, um asiático). Por este motivo, convoquei as palavras de Kerouac,
escritor a tempo parcial, sonhador a tempo inteiro.
A realidade é limitada para o
indivíduo de que vos falarei. Na sua cabeça, concebe um universo onde se
refugia, provando, mediante uma demonstração nada matemática, que certos
infinitos são maiores que outros. Estamos perante o louco, o sonhador, o que
potencia uma boa risada ao verbalizar, num tom grave e convicto, as idiotices
pelas quais se rege. E é trespassado por olhares condenadores, mas permanece
ileso. Reergue-se mais forte. Será ele uma praga? Com certeza. O sonho é uma
epidemia que se alastra, por mais que nos administrem vacinas contra tal. E é
este parasita que impele a raça humana em frente!
Em frente, não… Para cima, para os
lados, para diagonais e curvas sinusoidais inimagináveis, rompendo com gráficos
unidimensionais, aspirando a uma segunda, terceira, quarta, infinitas
dimensões!
Num exercício meramente hipotético, se
pregássemos a um quadrado a existência de um cubo, ele diria que somos doidos.
Às vezes, é urgente elevarmo-nos, criando um eixo z, num mundo de pessoas
quadradas.
De génio para louco, há uma fronteira intermitente.
Ousemos balouçar na corda bamba…
Sara Arezes
O sonho... é uma planta?
Vivo,
diariamente, a questionar-me qual é o meu verdadeiro sonho, o que me pode fazer
voar mais alto e no que realmente sou apaixonada.
Creio que sonhar
faz, naturalmente, parte de nós e ter vontade de arriscar e de viver com mais
cor é, sem dúvida, algo indispensável à nossa existência. Todos os caminhos
precisam de uma motivação, de um trajeto, de um sonho.
Por coincidência,
comecei a ler um livro que me ofereceram este Natal – "Trate a Vida Por
Tu", de Daniel Sá Nogueira, um livro motivacional que, eventualmente,
explica como cada um de nós pode chegar ao que sempre ou nunca sonhou, de
maneiras mais ou menos "loucas" dependendo de cada um, porque cada
ser humano é singular e especial.
Eu, como tantos
outros jovens, idealizo o meu futuro e intriga-me pensar em como será. O sonho
não me indica onde eu chegarei, mas é, claramente, a minha força impulsionadora
para chegar cada vez mais alto, é uma aventura por um deserto desconhecido em
busca de algo que nos parece platónico.
Finalizando, o
sonho é uma planta que deve ser regada todos os dias para que cresça. Assim,
cultivamos a nossa esperança, o nosso sentido de vida e o que nos faz, realmente,
despertar depois de infelizes derrotas e melancolias.
Ariadna da Silva Araújo
O sonho é o comando da vida. É a
partir do sonho que criamos objetivos e lutamos dia a dia para os realizar.
Fernando Pessoa, num dos seus poemas,
diz “Deus quer, o homem sonha, a obra nasce”. Na minha opinião, não há maneira
mais simples e fácil de descrever a importância do sonho na vida de qualquer
pessoa.
Ao longo do percurso escolar, todos
nós estabelecemos metas. Essas metas são criadas por nós próprios, tendo em
conta um objetivo, um sonho, que para alguns passa por entrar na universidade e
tirar um curso superior.
Também no passado foi o sonho e a
“loucura” que fizeram de Portugal aquilo que é hoje. Não me refiro só aos Descobrimentos
que foram, sem dúvida, o maior feito dos Portugueses, mas foi graças ao sonho
de conquistar a liberdade que, no dia 25 de abril de 1974, muitos patriotas,
com a sua ”loucura”, saíram à rua e lutaram. É por isso que Portugal é um país tal
como hoje o conhecemos.
Em suma, se não fosse o sonho, o que é
que guiaria a nossa vida? Como é que estabeleceríamos objetivos se não
tivéssemos a “loucura” de sonhar?
Armanda Cerqueira
Opiniões Reprimidas de um Pombo:
O
Homem é doido. Nunca vi espécie alguma a cometer tamanhas loucuras como só ele
o faz. Ora agora quer isto, ora agora quer aquilo, quando dá por ela já está
metido numa encruzilhada sem saída ou tem a cabeça a prémio.
Olhem só aquelas criaturas que se foram
sujeitar aos perigos do mar só porque teimaram que havia mais mundo… E o outro
indivíduo? Aquele que pôs em causa todas as crenças sociais e religiosas (ou lá
como se diz) só porque lhe deu para construir um telescópio? Louco! Mas o pior
de tudo isto foram aqueles dois irmãos que decidiram que era possível uma
pessoa voar! Se fizessem o que lhes compete! O Homem é um ser da terra, as
sardinhas do mar e nós, somente nós, pertencemos aos céus. Intrometidos.
Eu já vi muito
ser estúpido, mas não há espécie que lhe pare o pistão tantas vezes como a
esta.
Para ser
franco, sinto pena deles. Não conseguem dar prioridade às coisas
verdadeiramente importantes: garantir a continuação da espécie, procurar um bom
sítio para o ninho, fugir dos cães no parque… Enfim.
Carolina
Fernandes
A importância da
“loucura” na vida do ser humano
O ser humano tem evoluído ao longo do
tempo. E essa evolução só é possível graças à “loucura”, sendo o sonho e o
desejo o que nos torna suscetíveis à mesma.
Sonho e desejo, ambos imateriais, mas
com a capacidade de mudar o real e fazê-lo por vezes parecer surreal. Estes, de
acordo com a minha opinião, são conceitos benéficos, pois permitem a criação, a
inovação e idealizam o progresso. Encontramos um bom exemplo na Guerra de Troia,
onde os Gregos utilizaram o cavalo que permitiu enganar os troianos, fingindo a
derrota. Essa ideia surgiu devido ao desejo de vitória e ao sonho de conquista.
Por vezes, a “loucura” é mais ousada e
demonstra a sua força nos momentos mais críticos. O golo final de Éder que permitiu
a Portugal ganhar o Euro2016 é um bom exemplo disso. Naquele momento, todos os Portugueses
que derramavam lágrimas, os jogadores que vertiam suor, todos compartilharam da
mesma “loucura”. Não havia o termo os Portugueses, pois éramos um só, éramos
Portugal.
Finalizo, dizendo, apenas, que são
estas qualidades que definem o ser humano e que, apesar de não podermos vê-las,
podemos ver os seus efeitos. São várias as possibilidades e as portas que podemos
abrir, quando estamos sob a influência da “loucura”.
Duarte Gomes
Os sonhos
Acerca dos sonhos, o que dizer? A meu
ver, e na perspetiva de tantos outros, o sonho é a nossa maior esperança e,
como tão bem sabemos, o sonho comanda a vida, ora positiva ora negativamente.
As nossas ânsias têm a capacidade de alterar os nossos comportamentos e conceções
de vida.
Por um lado,
uma vida sem sonhos equivale a uma casa sem janelas, uma biblioteca sem livros.
Vivemos para o sonho e em função dele, numa busca incessante de sentido para a
nossa caminhada no mundo. Refiro, a título de exemplo, o quanto lutamos e nos
dedicamos para construir um futuro tão bom ou até muito melhor do que aquele
que é idealizado, por exemplo, no que diz respeito à profissão. Não nos
poupamos, para isso, a esforços, dominados pela expectativa de transformar o
sonhado em realizado, pois não há nada de mais gratificante.
Por outro
lado, tendemos, por vezes, a elevar demasiado a fasquia das nossas ambições,
sem olhar a meios para atingir os fins, ignorando que, para tal, sacrifiquemos
os nossos pais e amigos, em particular, e todos os que nos rodeiam, em geral. A
propósito, evoco tantos políticos que, sequiosos do poder, desrespeitam os
cidadãos e os seus direitos, perseguindo aqueles que se opõem aos seus ideais e
convicções, denunciando a hipocrisia das palavras que proferem e revelando o
lado obscuro dos desejos.
Em suma,
afirmo, convictamente, que o sonho é o meio de construção e realização pessoal
e social do Homem, alicerce do futuro e, simultaneamente, um caminho que se não
for traçado com moderação e confiança pode desencadear frustração,
descontentamento e abatimento, sentimentos que em nada enriquecem. Lutemos,
então, incessante e cuidadosamente pelas nossas aspirações e, consequentemente,
por um mundo onde é bom viver!
Inês Barbosa Costa