segunda-feira, 26 de outubro de 2020

 “Opiniões de Segunda” – Um mundo colorido

Na crónica desta semana, a Beatriz Esteves traz para o debate o problema da discriminação, nas suas mais diversas manifestações.

Trata-se de uma triste realidade, que persiste em pleno século XXI. Mas, bem vistas as coisas, que sentido tem “continuar com esta luta, quando, na verdade, somos todos iguais?”

 

O mundo é mais bonito onde tudo é colorido.

E se fosse fácil mudar o mundo? – Vivemos numa luta constante em busca da igualdade, independentemente da cor, religião, orientação sexual ou género… Mas porquê? Por que é que temos de continuar esta luta, quando, na verdade, somos todos iguais?

Sabes, a minha avó costuma dizer que, “se nos cortamos, sai sangue igual, seja negro ou amarelo, judeu ou ateu, bissexual ou transsexual”.

Às vezes, dou por mim a pensar como pode haver pessoas tão cruéis no mundo, mas nunca consigo encontrar uma explicação. Dizem-me para tentar pensar aquilo que pode estar a passar na cabeça dessas pessoas, mas não consigo, recuso-me! Como posso eu fazê-lo, sendo que essas pessoas discriminam alguém só por ter um tom de pele ou orientação sexual diferente?

Infelizmente, esta luta vai continuar. Por exemplo, em pleno século XXI, nos EUA, assistimos ainda a assassinatos de pessoas negras por parte das autoridades, que deviam proteger os cidadãos e não matá-los, apenas por simplesmente serem de cor!

Contudo, todos podemos colaborar na mudança. Grandes mudanças começam nos pequenos gestos! Se cada um de nós se esforçar por mudar a mentalidade das pessoas mais próximas, contribuiremos para um mundo mais puro e mais feliz, onde todos tenham os mesmos direitos.

Eu já comecei a fazer a minha parte. E tu? De que estás à espera?

Beatriz Esteves, 12.º ano

sábado, 24 de outubro de 2020

DIA DO MUNICÍPIO DE PONTE DA BARCA

A questão dos limites do Concelho




Hoje, dia 24 de outubro, os concelhos de Ponte da Barca e de Vila Verde celebram o seu Dia do Município. O primeiro evoca a atribuição do Foral manuelino, a 24 de outubro de 1513. O segundo, assinala a sua criação, em 1855.

À primeira vista, as duas efemérides não têm nada a ver uma com a outra. Mas a verdade é que a criação do concelho de Vila Verde está, intimamente, ligada à História do concelho de Ponte da Barca.



As conturbadas reformas administrativas e judiciais levadas a cabo, entre 1835 e 1855, fizeram com que várias freguesias, desde sempre pertencentes à Terra da Nóbrega e depois Ponte da Barca, conhecessem uma enorme instabilidade administrativa.

E tudo culminou com a criação do concelho de Vila Verde, a 24 de outubro de 1855, que passou a integrar um conjunto de freguesias historicamente ligadas à Barca.

Em apenas duas décadas, Ponte da Barca viu fugirem-lhe cinco freguesias que lhe pertenciam desde os primórdios da nacionalidade: Codesseda, Penascais, Valões, Gondomar e Covas. E importa acrescentar uma sexta, a de Aboim da Nóbrega, com quem sempre teve ligações históricas, geográficas e judiciais muito fortes.

                                                             Foto Pedro Cerqueira

O desacerto de tal medida saltou logo à vista. Era uma opção que ia ao arrepio de quase oito séculos de História, ignorava as condições orográficas e topográficas e potenciava um claro desequilíbrio ao nível da extensão territorial e da população dos dois concelhos.

Por isso é que, por diversas ocasiões, esteve em cima da mesa a questão da restituição à Barca das referidas seis freguesias.

Em 1936, por exemplo, a Câmara Municipal Barquense, estando iminente a publicação do novo Código Administrativo, enviou ao Governo um “Memorial sobre o limite que, pelo lado do Sul, deve ser dado ao concelho de Ponte da Barca”.

O documento terá convencido o Governo que mandou inquirir os habitantes das seis freguesias, para que dissessem a qual dos concelhos queriam pertencer…

“Infelizmente – escreve o historiador Avelino da Costa – o problema não foi resolvido como era de justiça, porque, enquanto a Câmara Municipal de Vila Verde pôs meios de transporte à disposição dos habitantes das seis freguesias para eles irem à sede deste concelho declarar que queriam continuar integrados nele, a Câmara Municipal de Ponte da Barca desinteressou-se do caso”.

E assim se terá perdido esta oportunidade. E se fez tábua rasa de séculos de História. História que nos garante que, no século XI, por exemplo, o “Censual” da Sé de Braga, feito pelo Bispo D. Pedro para organizar a arquidiocese, definia a cumeada das Serras de Gondomar e do Oural como linha divisória das Terras de Regalados, na bacia do Homem, e do Vade ou Nóbrega, na bacia do Lima. Estes limites seriam, posteriormente, confirmados por documentos e obras, ao longo do tempo.

Acontece que a atual divisão já tem 165 anos. E a questão histórica dos limites territoriais entre os dois concelhos caiu, praticamente, no esquecimento.

É por isso que, em Dia de Festa, vale a pena avivar a memória. E recordar uma página da História destas terras e das nossas gentes.

Prof. Luís Arezes

quarta-feira, 21 de outubro de 2020

 “À Descoberta de Novos Mundos” 

celebra 500 anos da epopeia de Fernão de Magalhães

 


“À Descoberta de Novos Mundos” é o título de uma exposição de pintura que hoje foi inaugurada, no átrio do bloco C da Escola Secundária de Ponte da Barca, com a presença do Diretor do Agrupamento, Carlos Louro, do Presidente da Câmara Municipal, Augusto Marinho, e da Vereadora da Educação, Fernanda Marques, entre outros.

Da autoria do professor José Félix, a exposição pretende assinalar a capacidade de realização, a inovação, a criatividade, a abertura, o encontro de culturas e de civilizações, o sonho, o engenho e a arte do ser humano, nas mais diversas áreas de ação / conhecimento, e acontece a propósito dos 500 anos do início da exploração da passagem labiríntica que viria a ficar conhecida como o Estreito de Magalhães.

A mostra, que pode ser visitada até ao final do mês de outubro, é uma organização conjunta da coordenação do Plano Nacional das Artes no Agrupamento e da Biblioteca Escolar, contando com o apoio da Direção, da Câmara Municipal e da Publivez.

Fernão de Magalhães

D. Afonso Henriques

Isaac Newton

Salvador Dalí

Luís Vaz de Camões

Ludwig van Beethoven

Enquadramento

Há 500 anos, Fernão de Magalhães e a Armada das Molucas entraram numa região labiríntica e assustadora, cheia de estreitos, ilhas e grandes baías interiores. O mentor, organizador e capitão-geral da expedição estava firmemente convencido de que seria por ali a tão desejada passagem do Oceano Atlântico para o outro mar, o então chamado Mar do Sul.

Foi há 500 anos. Foi no dia 21 de outubro de 1520!

Pela frente, acabariam por ter perto de 600 quilómetros para explorar, em condições dificílimas. Eram tais os desafios que uma das naus, a “Santo António”, desertou, a 8 de novembro.

Mas a persistência, o espírito de sacrifício e o sonho indomável de Fernão de Magalhães levaram-no em frente, desafiando os medos do desconhecido, sempre À DESCOBERTA DE NOVOS MUNDOS.

E conseguiu. Conseguiu concretizar um grande sonho: a 28 de novembro de 1520, a armada entrou, novamente, no mar aberto, navegando já num outro oceano, “para lá do fim do mundo”. Diz-se que as lágrimas escorreram pelo rosto de Magalhães… Depois da tempestade, surgia a bonança e as condições náuticas que encontraram eram tão favoráveis que ao navegador só ocorreu um nome para o novo mar – chamou-lhe Oceano Pacífico.

À passagem que tinha acabado de descobrir, dando NOVOS MUNDOS ao mundo, “por mares nunca de antes navegados” (Camões), atribuíram a designação de Canal de Todos-os-Santos. Depressa, porém, os cartógrafos trataram de lhe dar o nome que ficou para a posteridade, imortalizando o seu descobridor – Estreito de Magalhães.

Ainda tinham grandes desafios para ultrapassar. Como o da travessia, pela primeira vez e à primeira tentativa, da imensidão do Oceano Pacífico, até chegarem às longínquas Filipinas. Mas já estava conseguida a primeira grande descoberta da mais extraordinária expedição marítima da história e da ciência, que se tornaria “A Primeira Viagem ao redor do Mundo” (António Pigafetta) em continuidade. A viagem mais revolucionária, que revelaria à Humanidade, de uma forma experimental, a verdadeira dimensão global do planeta que habitamos e que alteraria, para sempre, os limites do conhecimento e redesenharia o “mapa mundi” que ainda hoje usamos.

O arrojo da sua aventura épica traduziu-se, de facto, numa notável herança científica, cultural, civilizacional, num valioso património universal.

500 anos depois, Fernão de Magalhães – que tem as suas raízes em Ponte da Barca, a antiga Terra da Nóbrega – permanece um símbolo unânime de ação, da excelência, do espírito empreendedor, da resiliência, da inovação, da abertura, do encontro de culturas e de civilizações.

Ele é um herói à escala universal, que uniu povos, abraçou o mundo. Um visionário, que soube “ALIMENTAR SONHOS”!

Tal como o são D. Afonso Henriques, Luís de Camões, Isaac Newton, Ludwig van Beethoven, Salvador Dalí, que nesta exposição também são recriados.

Em diferentes épocas e nas mais diversas paragens, todos foram espíritos inquietos, criativos, sonhadores.

Todos viveram À DESCOBERTA DE NOVOS MUNDOS!     

No final da exposição, os trabalhos passarão a integrar o fundo documental da Biblioteca Escolar, desejando-se que inspirem os utilizadores no desafio pessoal da construção autónoma do conhecimento e da aprendizagem ao longo da vida.

Ao professor José Félix, muito obrigado!

Prof. Luís Arezes

segunda-feira, 19 de outubro de 2020

 "Opiniões de Segunda" - A escola é uma seca?

Na edição desta semana, o João Anis afirma que, muitas vezes, nem temos em conta o quão privilegiados somos. Queixamo-nos de quase tudo e da escola também. E ignoramos as mil e uma coisas boas de que podemos usufruir.

Vale a pena ler… e pensar!

"Quão privilegiados somos..."

A escola é uma seca? Quem nunca disse uma única vez que a escola é uma seca? Que atire a primeira pedra…

Eu, como muitos colegas estudantes, já pensamos o mesmo a certa altura, porque não temos em conta o quão privilegiados somos.

Tu, que estás a ler este texto, fazes parte de um grupo privilegiado que tem acesso à educação, e a uma boa educação, que te permite alcançar, não só um desenvolvimento como pessoa e cidadão, mas que também te garante um passaporte para a vida, já que sem a educação não somos nada, não podemos singrar no futuro.

Muitos não dão valor à educação que têm à sua disposição, com equipamentos requintados, estabelecimentos de qualidade e docentes muito bem formados, e esquecem que milhões e milhões de crianças e jovens não têm acesso ao mesmo que nós. Tu, como eu, deves saber que por todo o mundo são muitos os que fazem o trajeto casa-escola e vice-versa a pé, percorrem vários quilómetros, e, mesmo assim, persistem, pois sabem que a educação é algo extremamente valioso.

Sendo assim, como é que nós, uns sortudos, não damos valor ao que temos? Talvez porque, desde pequenos, temos tudo de mão beijada e quase nunca passamos por dificuldades.

Enfim, já que nos foi dada esta oportunidade, temos de a agarrar e nunca, mas mesmo nunca, voltar a largá-la. Estamos numa condição bastante boa, que muitos almejavam poder alcançar, e, como tal, não a podemos desvalorizar.

Por isso é que te digo: aproveita bem estes anos que tens na escola, não só para te formares, mas também para conhecer pessoas e sítios, e, acima de tudo, nunca desperdices esta oportunidade que te foi dada.

João Anis, 12.º ano.

sexta-feira, 16 de outubro de 2020

Entre a míngua e o excesso...

DIA MUNDIAL DA ALIMENTAÇÃO

Celebra-se, hoje, o Dia Mundial da Alimentação, sob o lema Cultivar, Alimentar, Preservar. Juntos. As nossas Ações são o nosso Futuro.


A propósito desta efeméride, a FAO – Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura, a celebrar 75 anos de vida, publicou um documento que assinala os progressos alcançados na luta contra a pobreza, a fome e a desnutrição, e sinaliza uma série de desafios inadiáveis. 

Porque, diz a FAO, “demasiadas pessoas permanecem em situação de vulnerabilidade. Mais de 2 mil milhões de pessoas não têm acesso regular a uma alimentação suficientemente segura e nutritiva. E a pandemia da COVID-19 veio agravar esta situação.”


Enfim, “chegou a hora de reconstruir melhor.”

Veja aqui o documento.

segunda-feira, 12 de outubro de 2020

 “Opiniões de Segunda” – O drama dos refugiados

Nesta edição do “Opiniões de Segunda”, Guilherme Barbosa traz para o debate um dos grandes temas da atualidade: o drama dos refugiados.

Como é que a Europa, cada vez mais envelhecida e berço dos valores humanistas, deve lidar com este desafio?

 

"Um dia, podemos ser nós a precisar".

O drama dos refugiados. Nos últimos anos, milhares de refugiados, sobretudo sírios, têm chegado à Grécia, para fugir à guerra no seu país. Vêm com a família, na esperança de conseguirem uma vida melhor na Europa.

Depois da Grécia ter fechado as fronteiras terrestres, estas pessoas tentam entrar nas ilhas gregas, em pequenos botes, sem as mínimas condições de segurança. E, logo que aí chegam, são imediatamente colocados em campos de refugiados, sem condições básicas de vida e cada vez mais sobrelotados.

Já que isto é uma realidade, penso que todos os países da Europa deviam organizar-se para receber estas pessoas, sem se sujeitarem a viagens perigosas pelo mar. Muitos morrem na travessia e outros ficam muito tempo nos barcos, até que possam pisar terra firme.

Não nos podemos esquecer dos bebés e das crianças que sofrem com as más condições nos campos de refugiados, que muitas vezes não têm um abrigo seguro, não garantem alimentação adequada, nem o funcionamento de uma escola.

Penso que se estas pessoas fossem distribuídas pelos diversos países da Europa seria mais fácil e mais benéfico para todos, pois em alguns começa a haver falta de mão-de-obra e estes refugiados poderiam trabalhar e ajudar o país que os acolhesse.

Se, por acaso, Portugal entrasse em guerra e deixasse de haver segurança, teríamos que fugir para outros países, onde gostaríamos de ser recebidos e de ter o mínimo de condições para lá vivermos com as nossas famílias, até que pudéssemos regressar à nossa terra.

Do meu ponto de vista, devemos ser solidários com os outros, ajudando quem precisa, até porque um dia podemos ser nós a precisar.

Guilherme Barbosa, 8.º ano.

segunda-feira, 5 de outubro de 2020

 “Opiniões de Segunda” – O dilema da Eutanásia

Na crónica desta segunda, Clara Marinho abre o debate sobre um tema fraturante, que está na ordem do dia e acerca do qual ninguém fica indiferente.

“O dilema da Eutanásia”: para ler, refletir, e…

 

“A vida é uma obrigação, ou a morte é um direito?”

O dilema da Eutanásia. A eutanásia é um assunto polémico porque diz respeito à vida humana. Não é fácil aceitar que uma vida, qualquer que ela seja, deixe de fazer sentido. Mas, infelizmente, há situações extremas em que a vida passa a ser meramente vegetativa.

Nestas circunstâncias, lamento que, na maior parte dos países, não só da Europa, como de todo o mundo, não se aceite que haja casos em que a vida de uma pessoa deixe de fazer sentido. Por este motivo, a eutanásia é ilegal e controversa.

Nesses países, as pessoas não têm liberdade de escolha, quando se trata de decidir de que forma fazer face a um dia a dia completamente dominado pelo sofrimento causado por uma doença crónica incurável. Infelizmente, Portugal é um desses países.

Eu apoio a liberdade de escolha e acho que cada um deveria ter o direito de, em pleno uso das suas faculdades mentais, em situações de doença crónica incurável, poder decidir sobre a forma como quer viver. Se viver significar para uma pessoa um sofrimento diário permanente e a perda da sua dignidade, de tal modo que a sua vida se torne um tormento insuportável, renovado diariamente, então essa pessoa, esse ser humano, tem que ter o direito de decidir e conscientemente expressar quando e como deve ser posto termo a esse sofrimento.

A palavra “eutanásia” tem origem numa palavra grega que significa “boa morte”, isto é, uma morte tão tranquila quanto possível. A todos os doentes que sofrem de doenças incuráveis e que não conseguem viver uma vida com dignidade e sem dor, a sociedade deve reconhecer-lhes o direito de poder decidir se a única solução é escolher a eutanásia ou morte assistida.

Sei que é um assunto muito sensível porque está em causa a vida humana, mas, afinal, “a vida é uma obrigação, ou a morte é um direito?”.

Clara Marinho, 8.º ano