quinta-feira, 14 de março de 2024

A CANTIGA É UMA ARMA

“Uns vão bem e outros mal”

A pouco mais de um mês da passagem dos 50 anos do 25 de Abril, a edição desta semana de “A Cantiga é uma Arma” recupera uma canção de 1977.

Chama-se “Uns vão bem e outros mal” e foi escrita, composta e interpretada por Fausto, um dos grandes cantautores da música popular portuguesa.

Lançada em 1977, em pleno refluxo revolucionário, a canção faz parte do disco “Madrugada dos Trapeiros”, um título bem sugestivo e até provocatório.


Pouco anos depois da Revolução dos Cravos, o ideário de Abril é objeto de reflexão nesta cantiga, com particular destaque para um dos eixos prioritários da ação do Movimento das Formas Armadas – o “D”, de Desenvolvimento.

Num registo intemporal, Fausto fala, da “crise da habitação”, da emigração, fala “de velhas casas vazias”, de “tanta gente sem trabalho, não tem pão nem tem sardinha e nem tem onde morar” – “E assim se faz Portugal, uns vão bem e outros mal”.

Face a todas estas fragilidades e disfunções sociais, o grito cívico de cantautor deixa uma pergunta: “E como pode outro alguém, tendo interesses tão diferentes, governar trabalhadores, se aquele que vive bem, vivendo dos seus serventes, tem diferentes valores?”.

É por isso que, na roda da vida, o baile dos trabalhadores bate ao ritmo do tambor: “Não queremos cá opressores, se estivermos bem juntinhos, vai-se embora o mandador, vai-se embora o mandador.”

Pouco anos depois da Revolução dos Cravos, o sonho revolucionário de uma sociedade livre e democrática, que valoriza a justiça social e o direito de todos a bens essenciais, é, assim, questionado e objeto de síntese num verso emblemático, que se repete ao longo da cantiga: “E assim se faz Portugal, uns vão bem e outros mal”.

Vamos, então, ouvir – e cantar – este grito de cidadania de Fausto, em 1977: “Uns vão bem e outros mal”…

A Organização

terça-feira, 12 de março de 2024

A CAMINHO DOS 50 ANOS DO 25 DE ABRIL

Teatralização para os mais novos celebra os valores de Abril

Os valores de Abril estiveram no centro de uma animada teatralização dinamizada pela atriz Inácia Cruz para os alunos dos 2.º, 3.º e 4.º anos da Escola Básica Diogo Bernardes.

Inspirada na obra “Miguel e Kiko no 25 de Abril”, de Gisela Silva e ilustração de Susana Lima, selecionada para o concurso de leitura, a convidada envolveu os mais pequenos numa viagem que os levou a conhecer o antes, o momento histórico da conquista da Liberdade e o depois da Revolução dos Cravos.

Sempre num registo vivo e dinâmico, em que os alunos se tornaram intervenientes na ação, Inácia Cruz deixou a terminar uma mensagem muito forte, em termos de cidadania proativa: “A Liberdade é um bem precioso que devemos guardar no coração e ter sempre no pensamento, lutando por ele”.


As três sessões realizadas no auditório da Escola Secundária inserem-se no âmbito do programa comemorativo dos 50 anos do 25 de Abril, que o Agrupamento está a implementar.

No próximo dia 20 de março é a vez de o ator Rui Ramos visitar as Escolas Básicas de Crasto e de Entre Ambos-os-Rios, para aí desenvolver idêntico trabalho.

Os encontros com os dois contadores de histórias foram devidamente preparados, num trabalho articulado entre os docentes titulares e a Biblioteca Escolar, que, na hora do conto, fez para cada uma das turmas a leitura expressiva da obra, com uma abordagem reflexiva das grandes conquistas de Abril.

Biblioteca Escolar

sexta-feira, 8 de março de 2024

NO DIA INTERNACIONAL DA MULHER

MULHER

A mulher não é só casa,
mulher-loiça, mulher-cama,
ela é também mulher-asa,
mulher-força, mulher-chama,

E é preciso dizer
dessa antiga condição
a mulher soube trazer
a cabeça e o coração.

Trouxe a fábrica ao seu lar
e ordenado à cozinha
e impôs a trabalhar
a razão que sempre tinha.

Trabalho não só de parto,
mas também de construção
para um filho crescer farto,
para um filho crescer são.

A posse vai-se acabar
no tempo da liberdade,
o que importa é saber estar
juntos em pé de igualdade.

Desde que as coisas se tornem
naquilo que a gente quer,
é igual dizer meu homem
ou dizer minha mulher.

José Carlos Ary dos Santos

Inácia Cruz teatraliza “Miguel e Kiko 

no 25 de Abril”

Na próxima segunda-feira, a atriz Inácia Cruz dinamiza teatralizações para os alunos dos 2º, 3º e 4º anos da Escola Básica Diogo Bernardes, inspiradas na obra “Miguel e Kiko no 25 de Abril”, de Gisela Silva e ilustração de Susana Lima, edição Opera Omnia.

As três sessões vão acontecer no auditório da Escola Secundária e inserem-se no âmbito do programa comemorativo dos 50 anos do 25 de Abril, que o Agrupamento está a implementar.

No dia 20 de março será a vez de o ator Rui Ramos visitar as Escolas Básicas de Crasto e de Entre Ambos-os-Rios, para aí desenvolver idêntico trabalho.

As sessões estão a ser devidamente preparadas, num trabalho articulado entre os docentes titulares e a Biblioteca Escolar, que, na hora do conto, fez para cada uma das turmas a leitura expressiva da obra, com uma abordagem reflexiva das grandes conquistas de Abril. 

Biblioteca Escolar

quinta-feira, 7 de março de 2024

A CANTIGA É UMA ARMA

SOMOS LIVRES

Na ressaca do 25 de Abril, a atriz Ermelinda Duarte escreveu e interpretou a cantiga “Somos Livres”, na peça “Lisboa 72-74”, em exibição no Teatro Vasco Santana, na altura em funcionamento num edifício situado na Feira Popular.

Depois de a ouvir, Mário Martins, da editora “Valentim de Carvalho”, convidou-a para a editar em disco, e José Cid produziu o single

Também conhecida como “Uma gaivota voava, voava”, a canção celebra a liberdade conquistada, tendo sido, pelo seu simbolismo, um dos temas mais populares a seguir à queda da ditadura do Estado Novo e ao fim da censura, tornando-se um dos maiores ícones dos anos que se seguiram ao 25 de Abril.

“Somos livres” ficou imortalizada como uma das canções da Revolução dos Cravos, continuando, ao longo dos anos, a ser cantada nas escolas e por toda a parte, tal a simplicidade e a beleza da sua mensagem:

“Uma gaivota voava, voava,

Asas de vento,

Coração de mar.

Como ela, somos livres,

Somos livres de voar.”

Para além de um hino à liberdade acabada de conquistar, a cantiga faz ainda referência ao fim do pesadelo da Guerra Colonial que atormentara uma geração de jovens, entre 1961 e 1974/75:

“Uma criança dizia, dizia

“quando for grande

Não vou combater”.

Como ela, somos livres,

Somos livres de dizer.”

“Somos livres” é também uma canção com o olhar virado para o futuro, sempre com a consciência de que a liberdade é uma conquista inacabada:

“Somos um povo que cerra fileiras,

Parte à conquista

Do pão e da paz.

Somos livres, somos livres,

Não voltaremos atrás.”

Nos 50 anos do 25 de Abril, vamos, então, ouvir – e cantar “Somos livres”, com Ermelinda Duarte…

A Organização

quinta-feira, 29 de fevereiro de 2024

A CANTIGA É UMA ARMA

"VENCEREMOS"

As canções mobilizam uma comunidade, porque a cantiga é uma arma, ajudando as pessoas a entusiasmar-se por causas e a acreditar que podem vir aí dias de esperança e de exaltação.

Foi assim antes do 25 de Abril e continuou a ser assim, nos tempos que se seguiram à Revolução dos Cravos, em que o fervor revolucionário saiu à rua.

É neste contexto que, esta semana, partilhamos a canção “Venceremos”, de Samuel, um tema que veio a público, em 1975, fazendo parte do álbum “De Pé Pela Revolução”, uma edição do próprio autor.

Trata-se da versão portuguesa de "Venceremos", hino de campanha presencial de Salvador Allende, no Chile, em 1970, a exemplo, aliás, do que acontecera com o tema “O Povo Unido jamais será vencido”, que Luís Cília editou em 1974.

Ambas as canções remetem para o ambiente político no Chile, antes do golpe de estado que, em 1973, depôs Salvador Allende. 

Num tom glorioso e triunfante, canta-se a certeza de um novo tempo, ergue-se o grito da vitória em que “mil cadeias haverá que romper” e “a miséria saberemos vencer”:

“Em cada recanto da pátria

Já se ergue o clamor popular

Anunciando a nova alvorada

E o povocomeçaa cantar”.

Um ano depois da Revolução dos Cravos, é neste ambiente festivo de esperança na “nova alvorada” que se canta, em Portugal, seguros de que cobriremos estas terras de glória, “Todos juntos seremos a história / Que o povo irá construir”.

Vamos, então, recuar a 1975 e ouvir – e cantar – “Venceremos”, com Samuel…

A Organização

sexta-feira, 23 de fevereiro de 2024

Alunos do 6.º ano aplaudem teatralização de “A Menina do Mar”

Os alunos do 6.º ano do Agrupamento de Escolas de Ponte da Barca aplaudiram, esta sexta-feira, a apresentação da adaptação teatral da obra “A Menina do Mar”, de Sophia de Mello Breyner Andresen, levada a cena pelo Grupo de Teatro MiNC Juvenil, da Associação Movimento Incriativo.


Com encenação de Ana Costa, 
cenografia e figurinos de Ana Costa e Orlando Costa, e desenho de luz a cargo de Jonathan Richter, o espetáculo foi a palco no Auditório Municipal, entusiasmando os participantes, face à riqueza das múltiplas linguagens cénicas e à qualidade do desempenho dos atores, a maioria dos quais são colegas do Agrupamento.

Recorde-se que a narrativa desta obra clássica de Sophia transporta o público para o mundo encantado de uma pequena bailarina que descobre o amor e a saudade nas águas transparentes da praia. A história desenrola-se em torno do seu encontro com um rapazinho que brinca no areal, partilhando momentos de aprendizagem e de alegria.

Com esta iniciativa, desenvolvida em articulação com a Biblioteca Escolar, os alunos tiveram oportunidade de contactar com a riqueza da linguagem cénica e de aplaudir o desempenho de colegas, potenciando a autonomia, o espírito crítico e a autoestima, para além de se ter promovido o gosto pelo livro e pela leitura e favorecido a imaginação e a fantasia.

Biblioteca Escolar