“Opiniões de Segunda” – A “morte do outro” ocupa-me o pensamento
Para muitos, é um tema tabu. Uma questão
delicada e sensível, “que muitas vezes tentamos ocultar”.
Pois bem, é da morte que a Ana Beatriz
Gonçalves nos fala na sua crónica desta semana. E do sentimento de perda. «Tudo
isto porque, talvez fruto das circunstâncias inimagináveis que
vivemos, "a morte do outro" ocupa-me o pensamento.»
"Todo o amor, se quiserem, é uma forma de suicídio."
"A morte do
outro" – Um dia, perguntaram-me se eu achava que o sofrimento da perda
de um irmão gémeo seria igual ao da perda de outro irmão. A minha resposta foi
instantânea: "Irmão é irmão". No entanto, nos últimos tempos,
tenho pensado muito nisto.
Irmão é irmão, mas aquele que desde o primeiro instante esteve ligado a
nós, aquele com quem festejamos o aniversário, aquele que vemos quando nos
olhamos ao espelho, admito que nos toque ainda mais a sua ausência.
Tudo isto porque, talvez fruto das circunstâncias inimagináveis
que vivemos, "a morte do outro" ocupa-me o pensamento. Trata-se de um
assunto delicado e sensível, que muitas vezes tentamos ocultar. Talvez por
amarmos a vida, a morte apareça como algo tão dolorosa que melhor é não falar
nela.
Mas a verdade é que todos os seres humanos sabem que a morte é
inevitável. Não tem dia nem hora marcada, simplesmente aparece e não há nada
que possamos fazer! Será que, se soubéssemos a hora da sua chegada, isso nos
traria tranquilidade? Sou uma adolescente de 16 anos e confesso que o que mais
me assusta é a morte "dos meus". Assusta-me pensar na falta da sua
presença, na falta daquele braço!
Termino com uma frase de um livro,
que muitas vezes me faz pensar: "Não é tanto a minha própria
morte que é intolerável, mas, sim, a morte daqueles que me rodeiam. Porque
os amo. E parte de mim morre com eles. Portanto, todo o amor, se quiserem,
é uma forma de suicídio".
Ana Beatriz Gonçalves, 11.º ano.