Ferramenta de divulgação interativa das atividades da BE e de promoção das literacias...
segunda-feira, 23 de dezembro de 2024
terça-feira, 17 de dezembro de 2024
V CENTENÁRIO DO NASCIMENTO DE CAMÕES
“Dos Céus à terra desce a mor beleza”
Dos Céus à terra desce a mor beleza,
Une-se à carne nossa e fá-la nobre;
E, sendo a humanidade dantes pobre,
Hoje subida fica à mor alteza.
Busca o Senhor mais rico a mor pobreza
Que, como ao mundo o seu amor descobre,
De palhas vis o corpo tenro cobre,
E por elas o mesmo Céu despreza.
Como Deus em pobreza à terra desce?
O que é mais pobre tanto lhe contenta
Que só rica a pobreza lhe parece.
Pobreza este Presépio representa.
Mas tanto, por ser pobre, já merece
Que quanto é pobre mais, mais lhe contenta.
Luís Vaz de Camões, “Lírica Completa II. Sonetos”, prefácio e notas de Maria de Lurdes Saraiva, Lisboa, Imprensa Nacional – Casa da Moeda, 1980, pp. 286-287.
A poucos dias da Festa do Natal, partilhamos este
belo soneto, “Dos Céus à terra desce a mor beleza”, apesar de a sua autoria camoniana
não ser consensual.
Diante do presépio, ou seja, do curral ou da
manjedoura onde, segundo o “Evangelho de Lucas”, Maria deu à luz, “porque não
havia lugar para eles na hospedaria” (Lc
2,7), o sujeito poético reflete sobre o acontecimento natalício, defendendo
“que Deus desce à terra em pobreza e, ao humanar-se, torna nobre toda a
Humanidade.”
Por outras palavras, Deus faz-se homem para que o
homem recupere horizontes de grandeza divina, a ponto de poder chamar-se filho
de Deus…
Esta ideia é também sublinhada na primeira estrofe
de um outro soneto, igualmente de autoria camoniana duvidosa:
“Desce do Céu imenso, Deus benino,
Para encarnar na Virgem soberana.
‘Porque desce divino em cousa humana?’
‘Para subir o humano a ser Divino.’”
A tónica dominante do poema é, no entanto, de
âmbito social e tem a ver com o desafio da pobreza, ou melhor, do despojamento.
“O Senhor mais rico” procura voluntariamente a
pobreza e troca o Céu pelas “palhas vis” com que se cobre:
“Como Deus em pobreza à terra desce?
O que é mais pobre tanto lhe contenta
Que só rica a pobreza lhe parece.”
Na opinião de especialistas da lírica de Luís de
Camões, esta será uma poesia da última fase literária do artista, marcada já
“pelo fervor da Contra-Reforma“ e “muito distante da fase petrarquista”.
Em plena quadra festiva, Camões continua a embarcar
Engenho e Arte…
Feliz Natal!
A Organização
sexta-feira, 13 de dezembro de 2024
A
magia do livro e da leitura
encantou
a Educação Pré-escolar e o 1.º Ciclo
A magia do livro e da leitura mobilizou a
Educação Pré-escolar e os alunos do 1.º Ciclo do Agrupamento de Escolas de
Ponte da Barca, que participaram numa divertida encenação teatral dinamizada
por Mari Popó.
A animação aconteceu ao longo de três dias, nas
Escolas Básicas de Crasto, Entre Ambos-os-Rios e Diogo Bernardes, e teve como
inspiração as duas obras previamente trabalhadas, numa articulação entre a
Biblioteca Escolar e os respetivos Departamentos: “Gilberto, o cão poeta, anima
a festa!”, de Gisela Silva, com ilustração de Ireneu Oliveira (EPE e 1.º ano),
e “Uma andorinha na minha cabeça”, de Ireneu Oliveira (2.º, 3.º e 4.º anos).
Num registo extremamente dinâmico e interativo, a
animadora explorou a riqueza da mensagem humanista das obras, ao mesmo tempo
que proporcionou uma magnífica ilustração viva da beleza da linguagem cénica,
nomeadamente, as potencialidades da voz – ao nível do ritmo, da entoação, da
expressividade –, o poder sugestivo da mímica, do movimento, da animação, e
ainda a força comunicativa dos adereços e do cenário.
Em relação aos mais novos, ficou a mensagem de
união e de entreajuda, sintetizada na quadra do final do livro:
“E os meninos e as meninas sabem que mais?
A vida é uma poesia que nunca vai acabar,
Se dermos as mãos, como iguais,
Todos unidos poderemos celebrar.”
Quanto à obra “Uma andorinha na minha cabeça”, ofereceu
uma magnífica encenação centrada nos valores da educação ambiental e da relação
saudável do homem com a natureza, preservando esta casa comum, que é o planeta
Terra.
Os encontros com a animadora Mari Popó aconteceram, mais uma vez, no âmbito da parceria que o Agrupamento mantém com as edições Opera Omnia e surgiram na sequência do trabalho articulado das educadoras e docentes titulares com a Biblioteca Escolar, que, na hora do conto, fez para cada uma das salas/ turmas a leitura expressiva da obra, com uma abordagem reflexiva sobre as temáticas subjacentes..
Biblioteca Escolar
terça-feira, 10 de dezembro de 2024
Sarau de Poesia celebra o Natal
Um grupo alargado de
alunos do 1.º Ciclo deu voz a um Sarau de Poesia, com textos centrados na
temática do Natal e nos valores humanistas da quadra que estamos a viver.
Promovido pela Biblioteca Escolar, em
articulação com o Departamento do 1.º Ciclo, o Sarau decorreu no auditório da
Escola Básica Diogo Bernardes e registou ainda a participação de alguns colegas,
professores e de perto de duas dezenas encarregados de educação.
Em sintonia, todos disseram/ sentiram
a riqueza e a beleza da Palavra feita Poesia, celebrando o espírito do Natal e
trabalhando para a construção de uma “Escola a Ler”...
Biblioteca Escola
V CENTENÁRIO DO NASCIMENTO DE CAMÕES
Perdigão
perdeu a pena,
Não há mal
que lhe não venha.
Perdigão, que o pensamento
Subiu a um alto lugar,
Perde a pena do voar,
Ganha a pena do tormento.
Não tem no ar nem no vento
Asas com que se sustenha:
Não há mal que lhe não venha.
Quis voar a uma alta torre,
Mas achou-se desasado;
E, vendo-se depenado,
De puro penado morre.
Se a queixumes se socorre,
Lança no fogo mais lenha:
Não há mal que lhe não venha.
Luís de Camões, Lírica, fixação de texto de Hernâni Cidade, Lisboa, Círculo de Leitores, 1980, p. 114.
Este é um vilancete que trata o tema do amor não
correspondido ou impossível, ao mesmo tempo que estabelece um contraste entre o
sonho e a realidade…
Num tom espirituoso, o poema explora, num jogo de
palavras, a riqueza polissémica do vocábulo "pena", considerando as suas
virtualidades semânticas: por um lado, a “pena do voar”, isto é, o sonho, e,
por outro, a “pena do tormento”, ou seja, a realidade, para já não falar na
“pena”, símbolo da escrita.
Numa primeira abordagem, descreve-se a tentativa
fracassada de uma ave, um perdigão, em voar até um “alto lugar”, como “uma alta
torre”. Ao falhar, cai e fica sem penas, isto é, “desasado”, “(…) E, vendo-se
depenado, / De puro penado morre”, sofrendo as consequências da sua ambição
desmedida, ao tentar ultrapassar os seus limites.
Acontece que, em muitas culturas, “perdigão” – ou
perdiz – é símbolo do apelo do amor, da mulher. E, na tradição cristã,
representa a tentação, a perdição.
Numa leitura alegórica, o poema sugere, por isso,
um amor não correspondido e critica, jocosamente, a ambição desmedida.
A
perda das penas da ave representa a perda do sonho de voar – de subir em
pensamento “a um alto lugar” – e a consequência da sua ambição:
“Perde a pena do voar,
Ganha a pena do tormento.”
O eu poético verifica, assim, que a realidade
prevalece, que o sonho alimentado é impossível, que o amor desejado é inatingível
e que a dor que a queda e o reconhecimento trazem consigo ganha…, ganha a pena
do tormento.
O ato de escrever representado pela pena, utensílio
de escrita, alia-se a essa outra pena, a do sofrimento de um amor impossível.
Esta é uma situação que nos traz ao pensamento os
amores proibidos, impossíveis, de Camões, que lhe causaram tantos dissabores na
vida…
Deixamos
o convite para escutar o vilancete cantado por Amália Rodrigues, com música de Alain
Oulman. Faz parte do álbum “Cantigas numa Língua antiga” (1977).
A Organização
segunda-feira, 9 de dezembro de 2024
terça-feira, 3 de dezembro de 2024
V CENTENÁRIO DO NASCIMENTO DE CAMÕES
“Esta é a ditosa pátria minha amada”
“Eis aqui, quase cume da cabeça
De Europa toda, o Reino Lusitano,
Onde a terra se acaba e o mar começa
E onde Febo repousa no Oceano.
Este quis o Céu justo que floreça
Nas armas contra o torpe Mauritano,
Deitando-o de si fora; e lá na ardente
África estar quieto o não consente.
Esta é a ditosa pátria minha amada,
À qual se o Céu me dá que eu sem perigo
Torne, com esta empresa já acabada,
Acabe-se esta luz ali comigo.
Esta foi Lusitânia, derivada
De Luso ou Lisa, que de Baco antigo
Filhos foram, parece, ou companheiros,
E nela antão os íncolas primeiros.”
Luís de Camões, “Os Lusíadas”, III, 20-21.
Depois de traições, armadilhas, tentativas de
destruição e outros perigos vividos na Ilha de Moçambique, em Quíloa e em
Mombaça, a armada de Vasco da Gama encontra, finalmente, um porto seguro em
Melinde, onde os Portugueses são calorosamente recebidos.
O rei local acolhe-os em festa e pede a Vasco da
Gama que lhe fale de Portugal e da nossa História. É isso mesmo o que ele faz,
tratando primeiro “da larga terra” e, em seguida, da “sanguinosa guerra”.
Após a descrição da Europa, chega à localização
geográfica de Portugal:
“Eis aqui, quase cume da cabeça
De Europa toda, o Reino Lusitano,
Onde a terra se acaba e o mar começa
E onde Febo repousa no Oceano.”
E continua com o verso emblemático, que abre a estância
21 do canto terceiro: “Esta é a ditosa pátria minha amada (…).”
O termo “pátria” tem origem etimológica no latim (“pater, -tris”) e remete não só para a
ideia de “pai”, mas, sobretudo, para o conceito social e respeitoso de
antepassado ou antepassados, a quem devemos um património, que importa honrar.
São eles os heróis, de uma família e de um povo… E,
neste contexto, ocorre, de imediato, um outro verso famoso do canto oitavo, em
que Paulo da Gama apresenta
ao Catual da cidade indiana de Calecute, num tom solene, figuras grandes da história
portuguesa e sintetiza a admiração e o respeito de um povo pela figura de Dom
Nun’Álvares Pereira, referindo “Ditosa pátria que tal filho teve!”.
Foi ele, de facto, quem, em plena crise de
1383-1385, “quando a independência da pátria estava presa por um fio ténue”,
tomou “sobre si a tarefa hercúlea de tudo assumir sobre seus ombros – a imagem
remete necessariamente para Hércules que, traído por Atlas quando dele se
aproximou para saber do paradeiro das Hespérides, aceitou tomar a seus ombros o
globo terráqueo” (Aires A. Nascimento).
A par desta visão épica de Portugal, outras há com
forte pendor negativo e de profundo desencanto.
Jorge de Sena, por exemplo, no poema "A
Portugal" (1961), não hesita em recusar a pátria, que não é a mátria de
Eduardo Lourenço, mas antes a madrasta:
“Esta é a ditosa pátria minha amada. Não.
Nem é ditosa, porque o não merece.
Nem minha amada, porque é só madrasta.
Nem pátria minha, porque eu não mereço
A pouca sorte de ter nascido dela.”
E
a revolta do poeta termina em apoteose:
“(…) és peste e fome e guerra e dor de coração.
Eu te pertenço, mas ser's minha, não.”
Para Jorge de Sena, Portugal não é a mátria
lusitana exaltada n’“Os Lusíadas”,
mas, antes, a madrasta que provoca desencanto.
384 anos depois da Restauração ou Aclamação da
Independência, a 1 de dezembro de 1640, Portugal continua um desafio à
cidadania de todos e de cada um de nós. Até porque permanece lapidar o verso
final do poema “Infante” (“Mensagem”, 1934),
de Fernando Pessoa: “Senhor, falta cumprir-se Portugal!”.
A Organização
sexta-feira, 29 de novembro de 2024
Educação Pré-escolar e 1.º Ciclo "À conversa com Mari Popó..."
Nos próximos dias 02, 03 e 04 de dezembro, Mari
Popó (atriz Margarida Silva) visita o nosso Agrupamento de Escolas, para
dinamizar encontros com as diversas salas/ turmas da Educação Pré-escolar (EPE)
e do 1.º Ciclo.
Com as crianças da EPE e do 1.º ano, o trabalho
vai centrar-se na obra “Gilberto, o cão poeta, anima a festa”, de Gisela Silva,
com ilustração de Ireneu Oliveira. Por sua vez, a animação com os alunos dos
2.º, 3.º e 4.º anos será a partir do livro “Uma andorinha na minha cabeça”, de
Ireneu Oliveira.
Como é habitual, este trabalho acontece no âmbito da parceria que o Agrupamento mantém com as edições “Opera Omnia”, realizando-se de acordo com o seguinte calendário:
Dia |
Hora |
Turma |
Escola |
02 de
dezembro (segunda) |
09.00 H |
2º ano – Professora Arminda Alves 3º ano – Professora Fátima Gomes 4º ano – Professora Sílvia Alves |
Escola Básica de Crasto |
09.45 H |
Sala A EPE – Educadora Beatriz Cerqueira Sala B EPE – Educadora Cristina Pires 1º ano – Professora Conceição Sousa |
||
11.00 H |
Sala A EPE – Educadora Manuela
Barbosa 1º ano – Professora Paula Fernandes |
Escola Básica de Entre Ambos-os-Rios |
|
11.45 H |
2.º ano – Professora Paula Fernandes 3º ano – Professora Susana Carvalho 4º ano – Professora Elisabete Encarnação |
||
03
de dezembro (terça) |
09.00 H |
1º A – Professora Catarina Azevedo 1º B – Professora Cristina Silva 1º C – Professora Ana Cláudia
Pontes |
Escola Básica Diogo Bernardes |
10.00 H |
Sala A EPE – Educadora Sílvia Pereira Sala C EPE – Educadora Fernanda Silva Sala D EPE – Educadora Susana Rodrigues |
||
11.00 H |
Sala B EPE – Educadora Alberta
Centeno Sala E EPE – Educadora Arminda Dias |
||
04 de dezembro (quarta) |
09.00 H |
2º A – Professora Celeste Gonçalves 2º B – Professora Rosa Maria Sousa 2º C – Professora Ana Mofreitas |
Escola Básica Diogo Bernardes |
10.00 H |
3º A – Professora Adelina Barbosa 3º B – Professora Isabel Nunes 3º C – Professora Goreti Antunes |
||
11.00 H |
4º A – Professora Maria do Sameiro Estrela 4º B – Professora Guiomar Fernandes 4º C – Professora Liliana Lima |
Biblioteca Escolar
quinta-feira, 28 de novembro de 2024
Clube de
Leitura do 1.º Ciclo
Um grupo de alunos do 1.º Ciclo da Escola Básica
Diogo Bernardes participou em mais uma sessão do Clube de Leitura, dinamizado
pela Biblioteca Escolar.
No centro da conversa esteve a obra “Não abras este
livro”, de Andy Lee, com ilustração de Heath McKenzie.
Explorando o equilíbrio, nem sempre fácil, entre a
curiosidade e a proibição, o diálogo proporcionou a construção de pontes com
outras narrativas, nomeadamente a do Jardim do Éden bíblico, com Adão e Eva no
paraíso, a história mitológica de Orfeu e Eurídice e a lenda do Penedo da
Moura.
A sessão, que contou ainda uma chamada de atenção
para elementos paratextuais do livro, revelou-se um momento excelente de
partilha, de exercício do domínio da oralidade e do espírito crítico e também
uma oportunidade de aprofundamento da autoestima e da autonomia.
Biblioteca Escolar
quarta-feira, 27 de novembro de 2024
“Kiko e a Mão”: “Aqui
ninguém toca!”
O
livro “Kiko e a Mão” esteve no centro de uma conversa que mobilizou as turmas
do 4.º ano das Escolas Básicas de Entre Ambos-os-Rios, de Crasto e Diogo
Bernardes.
Dinamizadas
por Inês Portocarrero Araújo, da Biblioteca Municipal de Ponte da Barca, as
sessões aconteceram no âmbito da celebração do Dia Europeu da Proteção das
Crianças contra a Exploração Sexual e o Abuso Sexual, que, desde 2015, se assinala
a 18 de novembro.
O
livro “Kiko e a Mão” é uma
publicação do Conselho da Europa e foi criado propositadamente para explicar
aos mais novos, de forma simples, a regra “Aqui ninguém toca!”, a fim de que
possam perceber a diferença entre o contacto físico bom e o contacto físico
mau.
O
trabalho – que possibilitou um diálogo saudável com as crianças sobre o assunto
– foi uma iniciativa da Comissão de Proteção de Crianças e Jovens (CPCJ) de
Ponte da Barca com a colaboração da Biblioteca Municipal, em articulação com a
Biblioteca Escolar e o Departamento do 1.º Ciclo.
Biblioteca Escolar