quinta-feira, 14 de dezembro de 2023

A Cantiga é uma Arma

"LIBERDADE"


Em plena quadra natalícia e quatro dias depois da celebração dos 75 anos da proclamação, pela Assembleia Geral das Nações Unidas, da “Declaração Universal dos Direitos Humanos” (10/12/1948), a edição desta semana de “A Cantiga é uma Arma” dedica a sua atenção a um tema clássico – “Liberdade”, de Sérgio Godinho.

Editada alguns meses depois da Revolução dos Cravos, esta canção de intervenção faz parte do disco “À Queima-Roupa”, tendo-se afirmado, rapidamente, como um dos temas mais conhecidos do cancioneiro revolucionário do pós “25 de Abril”.

Depois de mais de quatro décadas de ditadura, com a Revolução de Abril sentia-se a aurora esperada de um tempo novo, o país vivia “O dia inicial inteiro e limpo / Onde emergimos da noite e do silêncio / E livres habitamos a substância do tempo”, como escreveu Sophia de Mello Breyner Andresen.

Conquistado o sonho da Liberdade, impunha-se, então, a urgência política de passar à realidade. E, neste contexto, o refrão da canção torna-se emblemático, inspirando a mudança de mentalidades e a transformação social:

“Só há liberdade a sério quando houver

A paz, o pão,

Habitação,

saúde, educação

Só há liberdade a sério quando houver

Liberdade de mudar e decidir

quando pertencer ao povo o que o povo produzir.”

Eis o resumo de uma das grandes aspirações da Revolução, que nos convoca para um dos três famosos “D”, que constituíam os propósitos centrais no programa político do MFA: Democracia, Descolonização e… Desenvolvimento.

Um desenvolvimento traduzido, antes de mais, na garantia dos direitos fundamentais do ser humano, consagrados e protegidos numa sociedade democrática.

Quase cinco décadas depois, a mensagem de “Liberdade” – uma canção que é considerada como uma espécie de “proto rap”continua atual, tantos são os desafios dos nossos dias, ao nível da paz, do pão, da habitação, da saúde, da educação.

Mais do que palavras de ordem, continuam necessidades prementes no mundo e também em Portugal, um país que está a caminho dos 50 anos do “25 de Abril”.

Vamos, então, ouvir – e cantar – “Liberdade”, com Sérgio Godinho…, um tema cujo refrão é um slogan inesquecível que o próprio autor descreve como “um grafiti posto em rock”.

A Organização

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