Concurso de expressão escrita
“Geração Móvel e Desafios”
No âmbito das
celebrações do “Dia Europeu da Internet Mais Segura”, que se assinalou ontem, 5
de fevereiro, o Grupo Disciplinar de Português e a Biblioteca Escolar
promoveram um concurso de expressão escrita subordinado ao tema “Geração Móvel
e Desafios”.
Os trabalhos foram
desenvolvidos sob a orientação do respetivo professor da disciplina de
Português, aguardando-se para breve a publicação em ebook dos textos apurados ao nível das turmas.
Reconhecendo a qualidade
global dos originais, o júri considerou merecedores de um aplauso especial um
trabalho em cada escalão: “O meu grande amor!”, de Vanda Tavares (3.º Ciclo do
Ensino Básico) e “A Internet nunca se esquece!”, de Mariana Antunes (Ensino
Secundário)...
O meu grande amor!
Ainda era um jovem
inocente e não conhecia muito bem os perigos a que estava sujeito na internet.
Tudo começou quando me
ofereceram o telemóvel que eu tanto queria: comecei por experimentar os jogos,
a sua sonoridade, pois adoro música, explorar as suas potencialidades e mandei
umas mensagenzitas aos meus amigos para lhes dar a novidade.
Cheguei à escola a
gabar-me do meu telemóvel topo de gama e senti até que alguns amigos meus
ficaram com uma pontinha de inveja. Mais tarde, já em casa, fiquei horas a fio a
mexer no telemóvel, nem queria comer, estava tão viciado, fiquei um gabarolas
de primeira. Ao fim de algum tempo, comecei a perder alguns amigos, é verdade,
mas tinha o meu grande amor, o telemóvel!
Como tinha muito saldo,
um dia resolvi aceder à internet. A partir dessa altura, comecei a passar lá
muito tempo, até que um dia deparei-me com um anúncio muito apelativo que
dizia: “Parabéns! Foi o nosso vencedor desta semana, acabou de ganhar internet
grátis durante cinco anos! Clique em “Levantar o Prémio”. É óbvio que nem
hesitei, cliquei logo com grande alegria, sem ter noção dos perigos que podia
estar a correr.
Começou então a
desaparecer dinheiro do saldo do meu telemóvel, cerca de 4 euros por semana. Eu
não percebia o que estava a acontecer, por isso resolvi logo pedir ajuda ao meu
pai, informando-o do que me tinha sucedido. Claro que ele me deu logo um
raspanete e explicou-me que tudo aquilo estava a acontecer por eu ter caído na
cantiga de ganhar um prémio e por ter dado os dados do meu telemóvel a alguém
que eu não conhecia de lado nenhum, coisa que jamais se deve fazer. O meu pai
tratou, então, de cancelar o meu cartão e mudou para outro.
Apelo, por isso, a todos
que nunca deem os vossos dados na internet, para que não venham a ter uma
experiência tão ou ainda mais desagradável do que a minha, porque depois pode
ser tarde para se remediar o erro cometido.
Vanda Antunes Tavares – 8.º E
A Internet nunca se esquece!
Estava
feliz.
Os
dias passavam e em todos eles tinha um sorriso nos lábios, um brilho no olhar.
Sentia-me preenchida e satisfeita com a vida. Tinha muitos amigos, uma família
fantástica, boas notas e sobretudo o que pensava ser o namorado perfeito.
Perfeito mesmo. Às vezes dava por mim a pensar que para o resto da minha vida
só precisava de finalizar os meus estudos, trabalhar no que eu queria, casar
com ele, ter filhos e… final feliz! Parecia mesmo um conto de fadas!
Porém,
nunca nos meus piores sonhos (já que estava a viver um sonho) pensei no que se
passaria meses depois.
Comecei
a achar que o meu namorado (atual ex-namorado, ou melhor dizendo, uma pessoa
que nem conheço) não era o príncipe encantado como o tinha desenhado. Mas o
amor que sentia por ele era tão cego e de tal modo gigante que nem a isso
ligava.
E o
inevitável aconteceu. A nossa relação acabou. Todavia, em vez de ficarmos
amigos, fruto de vários meses juntos, acabámos chateados, muito chateados! Ódio
e uma intensa vontade de vingança foi o que sobrou no coração dele. Aliás,
esses sentimentos passaram rapidamente do coração para a cabeça, tendo ele já
preparado um plano para eu deixar de ser uma pessoa feliz.
Bem…
já chega de lengalenga! Vou falar do que realmente me levou a escrever este
texto (ou espécie de diário, não sei).
Como
já se deve perceber, o meu antigo namorado utilizou as redes sociais (sem
querer fazer publicidade), mais concretamente o Facebook, o mais utilizado neste momento, com o simples objetivo de
arruinar as minhas pedras preciosas: os meus amigos.
Criou
uma conta como se fosse eu e utilizou uma foto – incluída no meu perfil
verdadeiro – para a tornar mais credível. Enviou “pedidos de amizade” e
conversou com algumas pessoas minhas conhecidas (suponho que não tenham sido
boas conversas segundo alguns relatos). Humilhou-me, publicando estados
impróprios, se é que me entendem… A conta falsa foi apagada, decorridos dois ou
três dias, já não me recordo bem.
Como
se não bastasse, um ou dois meses depois, entrou na minha conta original e
fingiu ser eu, mas aí foram breves minutos e não foi tão grave como na primeira
situação.
Claro
que chorei, sofri, sofri muito, mas não chorei por muito tempo. Felizmente,
tinha amigos que me conheciam e sabiam perfeitamente que tudo aquilo era falso,
que não podia ser eu e que, sem sombra de dúvida, era obra do meu “amigo”.
Contei com a ajuda de um anjo que desceu dos céus para me ajudar, uma minha professora
(já não é minha professora atualmente, mas não deixa de ser minha professora, pelo simples facto de
me ensinar a viver sempre que converso com ela), a quem devo muito da minha
felicidade. E se consegui levantar-me e voltar a ser feliz é grande parte a ela
que o devo. Agradeço muito aos meus amigos, que ainda são os meus amigos,
passado já quase um ano, e que hoje considero os meus alicerces. Não, como é
óbvio, não me esqueço da minha família que me ajudou muito, principalmente a
minha mãe.
Concluindo,
não cedam as vossas palavras-passe a ninguém. Eu cedi a minha, confesso. Claro
que a mudei, a do Facebook, mas
esqueci-me de alterar a do correio eletrónico. Se alguém confiar
verdadeiramente em ti, não precisa das tuas senhas de acesso. (Eu não fui
obrigada, mas aprendi esta lição da pior maneira). Cuidado também com as fotos,
que podem ser colocadas em sítios que não queiras. Nada, mas mesmo nada é
seguro neste “mundo”.
Acabo com
uma frase que, de certeza, marcará a minha vida para sempre: “Tu até te podes
esquecer do que fazes na Internet, mas a Internet nunca se esquece!
Mariana Antunes, 10.º D
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