Alunos apresentam desejos para a Humanidade
No seu discurso, quando recebeu o Prémio
Nobel da Literatura, na Academia sueca, em Estocolmo, em 1998, José Saramago
fez referência à passagem dos 50 anos da Declaração Universal dos Direitos
Humanos, que havia sido adotada pela Organização das Nações Unidas, a 10 de
dezembro de 1948.
Saramago falou sem rodeios. Neste meio
século – afirmou – “As injustiças multiplicam-se, as desigualdades agravam-se,
a ignorância cresce, a miséria alastra. (…) Chega-se mais facilmente a Marte do
que ao nosso próprio semelhante.”
E o seu desafio final foi ao exercício
da cidadania: “Tomemos então nós, cidadãos comuns, a palavra e, com a mesma
veemência com que reivindicamos direitos, reivindiquemos também o dever dos
nossos deveres, talvez o mundo possa tornar-se um pouco melhor.”
Inspirados por estas palavras, os alunos
dos 2.º e 3.º Ciclos foram convidados, no contexto da celebração do centenário
do escritor, a debater, em Cidadania e Desenvolvimento, os grandes desafios que
se colocam à sociedade em termos de justiça social e de direitos humanos,
redigindo, depois, um “Desejo para a Humanidade”, que colocaram na “Árvore da Bondade”
existente, respetivamente, na Biblioteca Escolar e no átrio do bloco C.
O desejo dominante foi, naturalmente, o
da paz. Paz na Ucrânia, paz no mundo: “Que a guerra acabe, que haja paz”, pedem
muitos alunos.
Outro desejo recorrente tem a ver com o ambiente:
“Que parem de estragar o planeta terra” e “que o futuro das novas gerações seja
acautelado, porque não há um ‘Planeta B’”.
E também as questões sociais: “Que haja
justiça social e menos pobreza” – escrevem. “Que acabem as desigualdades, a
fome e o desemprego”. “Que todas as pessoas tenham direito a uma casa, a uma
família, e a comida na mesa”. “Que não haja pessoas na miséria e a viver na
rua”.
Há um desejo bem expressivo: “Que os
seres humanos construam finalmente pontes sólidas e encontrem formas de
reconstruir uma sociedade unida, que só procure fazer o bem sem estar à espera
de algo em troca. A união é o segredo para a sobrevivência e está mais do que
na hora de agir!”.
O direito de todos à educação, o racismo
e toda a discriminação aos mais diversos níveis, o preconceito, o bullying, são
outros problemas que preocupam, fortemente, os nossos alunos, a avaliar pelos
desejos que colocaram na “Árvore da Bondade”.
E ainda bem…
Porque ao tomarem consciência da
realidade e ao assumirem posições críticas estão a combater, nas palavras de
Saramago, “essa perniciosa forma de cegueira mental que consiste em estar no
mundo e não ver o mundo, ou só ver dele o que, em cada momento, for suscetível
de servir os nossos interesses.”
Ao assumirem posições, os nossos alunos estão
a exercer a cidadania. Estão já a ajudar a construir um mundo “um pouco
melhor”.
Parabéns!
Prof. Luís Arezes
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