Secundária participa no concurso
Duas alunas do 12.º ano participaram no Concurso “Faça Lá um Poema”.
Sob a orientação da professora Cristina Pacheco, docente de Português, Carolina Pereira produziu um texto intitulado “Perdida”, enquanto Vanda Pereira escreveu o poema “Angústia”.
Promovido pelo Plano Nacional de Leitura (PNL2027) e pela Fundação Centro Cultural de Belém (CCB), o concurso, que já vai na sua 11.ª edição, tem como intenção incentivar o gosto pela leitura e pela escrita de poesia.
Perdida
Eu era barro que se moldava
Nas tuas mãos ásperas e geladas.
Tomava formas que não eram minhas,
Tomava formas que tu amavas.
Criavas raízes nas terras áridas
Do meu coração perdido.
Julgavas ter-me encontrado
Nesse terreno vazio?
No teu mundo eu mergulhei,
A pensar que era um refúgio.
Foi em ti que eu me afoguei
Sem de mim deixar vestígio.
(Sinto-me perdida,
Sem ter p'ra onde ir
Ou onde ficar.
Quando foi que tudo se tornou
Tão pequeno para mim?
Respiro fundo,
Mas aos meus pulmões
O ar não chega.
Percorro caminhos sem fim
E estradas de pedra,
Mas nada me leva daqui,
Nada me leva até mim.
Parece que o tempo
Se derrete nas minhas mãos
E a vida foge de mim.
É uma corrida sem rumo.
D'onde foi que eu vim?
Não sinto o sangue
A viajar nas minhas veias,
Não sinto o vento
A beijar a minha pele
Nem a chuva a regar
Os meus pés.
Não sinto o coração
A bater no meu peito.
Onde estou eu?
Tudo o que sinto é o vazio
Da minha existência finita
Neste mundo finito
De mentiras sem fim.)
Sentei-me na berma
Mas não me senti.
Eu estava ali?
Os anos vestem a minha pele
E eu procuro por mim
Nos escombros da vida
Que quase senti,
Quase vivi.
Enterramos o tempo
Como se fosse semente
Que vai germinar.
O que é do passado
Que era presente?
O que é deste tempo
Que vai acabar?
O "agora" já passou,
Mas somos cegos.
Para tudo olhamos
E nada vemos
(Veremos?)
Tenho sede de sentimentos,
Da magia dos momentos
Que o tempo levou de mim.
Trespassam a minha alma
As histórias que não contei,
As memórias que não criei,
O tempo que eu não quis ver.
Ah! A confortável ilusão
De que estaria a viver.
Angústia
Fez-me sufocar,
O mundo entretanto parou
E eu não posso fazer nada.
Estou presa numa corrente.
Tentei pedir ajuda,
Mas não foi suficiente.
Olha como está o meu coração…
Parece um furacão!
Está tudo uma confusão!
Não sei o que fazer…
Queria fugir.
Mas será a melhor solução?
Sentir ou não sentir?
Repetir ou desistir?
Sem nunca sofrer…
O que posso escolher?
Eis a questão
Que nunca vai ter resolução!
Vanda Pereira, 12.º ano
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