sábado, 2 de abril de 2011

DIA INTERNACIONAL DO LIVRO INFANTIL

Bem Dita Seja a Leitura
                                                      
                                                         Minha velha aia! Conta-me essa história
                                                         Que principiava, tendo-a na memória,
                                                         Era uma vez…
                                                                               António Nobre

Celebra-se, hoje, o Dia Internacional do Livro Infantil, uma efeméride que pretende chamar a atenção para uma das experiências mais fascinantes do Homem – o prazer de contar e ouvir contar e/ou ler histórias.
É verdade que os dias que correm são diferentes e oferecem novas estradas da fantasia. Mas nem por isso a magia do livro e da “oratura” desapareceram e muito menos o fascínio que a leitura de uma história, devidamente ilustrada, pode despertar na imaginação de uma criança ou até de um bebé.
Já homem feito e escritor consagrado, Almeida Garrett recordava, com saudade, os tempos felizes da infância e o “prazer extremo de ouvir uma criada nossa, em torno da qual nos reuníamos nós, os pequenos todos da casa, nas longas noites de Inverno, recitar-nos, meio cantadas, meio rezadas, xácaras e romances populares, de maravilhas e encantamentos, de lindas princesas, de galantes e esforçados cavaleiros”.
Dir-me-ão que eram outros tempos. Que já lá vão dois séculos! Que, agora, os serões são quase sempre pintados com outras cores e escritos com outra gramática. No entanto, haja o que houver, nada substitui as canções e as histórias de embalar, interpretadas pela melhor voz do mundo, a voz quente da mãe, a voz firme do pai, a voz terna de quem nos é querido…
Sempre, mas sobretudo hoje, que é o Dia Internacional do Livro Infantil, há um presente especial que poderia ser obrigatório para todos as famílias: oferecer um livro ao nosso bebé, à nossa menina, ao nosso rapaz! Porque, como diz a escritora estónia Aino Pervik, na sua mensagem para esta efeméride, “o livro recorda o tempo em que foi escrito”, isto é, traz à memória. Melhor ainda, evocando o sentido etimológico do termo, traz de volta o coração, alimenta o espírito com a alma de outras épocas e a fantasia de outros protagonistas.
Um livro é, de facto, capaz de nos fazer chorar, de alegria, de tristeza. É capaz de nos transportar nas asas do sonho e da fantasia. É capaz de nos projectar na vida que outros sonharam. É capaz de nos pôr a pensar sobre nós próprios, sobre o mundo e a sociedade em que vivemos, sobre a vida, a nossa própria vida!

Ai que prazer
ter um livro para ler!

Nos dias que correm, ninguém duvida que o gosto pela leitura se incute a partir do berço. E que a familiaridade, desde tenra idade, com o livro, a revista, o jornal, com o universo da leitura, constitui uma porta para o desabrochar da curiosidade e do desejo de saber.
Escreveu Cesário Verde que “quem não lê não conhece o mundo!”. E eu atrever-me-ia a acrescentar que quem não lê, não só perde largueza de horizontes de vida, como também ignora o lado mágico da existência, porque dentro dos livros mora o infinito povoado de fadas, princesas, gigantes, génios, reis, bruxas, anjos, demónios.
É por isso que privar os mais pequenos da viagem fantástica da leitura, não os incentivando, desde o berço, a conhecer este território maravilhoso, livre e sem fronteiras, constitui um empobrecimento. E uma limitação que, muito provavelmente, deixará marcas negativas no seu futuro como cidadãos…
Daí que seja tão grande a responsabilidade da Escola e da Família neste desígnio incontornável de criação de hábitos de leitura entre os mais pequenos. Esta é uma das chaves mais seguras para a promoção do seu futuro sucesso pessoal, profissional e cívico, porque um bom leitor é, com certeza, um espírito lúcido, uma mente criativa, um cidadão com horizontes, uma pessoa com autonomia e valor(es), um homem com futuro…
É, aliás, para a promoção desta força arrebatadora do Verbo que se celebra esta efeméride. Porque há prazeres que não podem ser dispensados... e que a Escola e a Família devem valorizar, desde a mais tenra idade.

Luís Arezes

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