"GRÂNDOLA, VILA MORENA" (1971)
Há 50 anos, mais precisamente, aos 20 minutos do dia
25 de abril de 1974, foi para o ar, no programa “Limite” da Rádio Renascença, a
cantiga “Grândola, vila morena”, de Zeca Afonso.
Estava dada a segunda senha, confirmando, por todo o
país, que a Revolução seria para avançar. E os militares que estavam à escuta
em diversos quartéis trataram de entrar em ação, para tomar pontos
estratégicos, especialmente em Lisboa.
Não admira, por isso, que, apesar de ter sido a
segunda música utilizada naquela noite para desencadear a Revolução, “Grândola,
vila morena” se tenha identificado, desde a primeira hora, com o que aconteceu
no dia 25 de abril de 1974, tornando-se um hino icónico.
Composta em 1964, após uma atuação de José Afonso na
vila alentejana de Grândola, onde foi bem acolhido pela Sociedade Musical
Fraternidade Operária Grandolense, a canção faz parte do álbum “Cantigas do
Maio”, gravado na França, em 1971, com arranjos e direção musical de José Mário
Branco.
“Apesar de não ser inicialmente concebida como uma
canção de protesto, as mudanças feitas na altura da gravação atribuíram-lhe uma
mensagem altamente política no contexto da ditadura do Estado Novo”, pelo que
“’Grândola, vila morena’ tornou-se um símbolo da luta popular e um património
nacional”. E a verdade é que foi uma das poucas canções de Zeca Afonso que
escapou à censura que, aparentemente, não entendeu as referências ao
povo, que é “quem mais ordena”.
Numa linguagem simples e com um ritmo de cadência
quase militar, que faz lembrar o passo arrastado dos trabalhadores e dos
cantores dos grupos tradicionais alentejanos, a canção evoca uma marcha
libertadora, ao mesmo tempo que o coro oferece uma sensação de energia e de força.
“Grândola, vila morena” afirma-se, desta forma, como
um verdadeiro hino que exalta a união, a força, a invencibilidade na construção
de um tempo novo, marcado pelos valores humanistas da fraternidade,
solidariedade, amizade, igualdade, em que "o povo é quem mais
ordena":
“Grândola,
vila morena,
Terra
da fraternidade,
O
povo é quem mais ordena
Dentro
de ti, ó cidade.”
Assinalando os 50 anos do 25 de Abril, a edição 25
de “A Cantiga é uma Arma” recorda esta canção escrita vários anos antes da Revolução,
mas que adquiriu uma visão utópica, de sonho e de luta.
Vamos, então, ouvir – e cantar a versão original de “Grândola, vila morena”, com Zeca Afonso…
Para celebrar Abril e o impacto da Revolução dos
Cravos a nível global, propomos ainda uma visita a Chico Buarque e ao tema
“Tanto Mar”.
Trata-se de uma saudação de júbilo ao 25 de Abril, com uma letra que foi censurada no Brasil.
Para o futuro, ficou um verso memorável: “Foi bonita a festa, pá!”.
A Organização
Sem comentários:
Enviar um comentário