“A CANTIGA É UMA ARMA”
Até
ao próximo dia 25 de abril, vamos recordar, sempre à quinta-feira, um poema,
uma canção, uma história, que nos remetem para os tempos de há 50 anos e para o
ambiente cultural e político que então se vivia.
Trata-se de
uma forma de começarmos a assinalar os 50 anos da Revolução dos Cravos,
recuperando, ao longo dos próximos meses, 25 canções da chamada música de
intervenção ou protesto, uma manifestação artística com forte cariz popular,
composta com o intuito de chamar a atenção e de mobilizar para um determinado
problema, seja ele de origem social, política ou económica.
Entre
nós, esta arma de revolução foi muito comum nos anos 70 do século passado,
durante os últimos anos da ditadura do Estado Novo e na aurora da Liberdade e da
Democracia.
“Eu não sabia” e o ideal
revolucionário
Iniciamos
esta atividade com a canção A Cantiga é uma Arma, que tem
letra e música de José Mário Branco.
Foi publicada
pela primeira vez em 1975, no LP “A Cantiga é uma Arma”, do GAC
(Grupo de Ação Cultural – Vozes na Luta, fundado em 1974, depois da Revolução
dos Cravos, por José Mário Branco, Fausto, Afonso Dias e Tino Flores).
Apesar
de publicada em 1975, a canção foi composta em 1973, quando o seu autor se
encontrava exilado em Paris, para o festival dos “Jogos Florais da Imigração
Portuguesa", realizado na Cartoucherie de Vincennes em Paris, com
organização do jornal "O Salto" e do Movimento dos Trabalhadores
Portugueses Emigrados.
Foi
um enorme sucesso no festival, muito devido ao facto de a letra ter sido
policopiada e colocada por debaixo dos bancos da audiência. O
resultado foi que, durante a segunda repetição do refrão, já toda a sala
cantava em coro a canção, tendo sido o grande sucesso da noite.
A canção acabaria por ficar em primeiro lugar no concurso musical do festival, mas o júri recusou atribuir o prémio a José Mário Branco, porque, segundo lhe disseram, «um verdadeiro revolucionário não pode utilizar a expressão “eu não sabia”», que é repetida várias vezes ao longo da canção (estas informações foram comunicadas pelo próprio José Mário Branco durante a apresentação do álbum “Inéditos 1967-1999”, na casa da Cultura de Setúbal, a 10 de novembro de 2018).
Apresentando
uma mensagem política de cariz revolucionário, tornou-se num dos temas mais conhecidos
do GAC, registando, ao longo dos anos, diversas versões/ interpretações.
Vamos ouvir – e cantar – “A Cantiga é uma Arma”?
A Organização
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