quarta-feira, 9 de maio de 2018


À conversa com... Jaime Ferreri
A leitura ajuda-nos a sermos livres
A paixão pelo livro e pela leitura e o fascínio da escrita estiveram no centro de uma conversa que Jaime Ferreri manteve com alunos dos 8.º e 9.º anos da Escola Secundária de Ponte da Barca.

Num registo informal, o encenador, diretor de atores e escritor deu largas à sua veia de contador de histórias, convocando os participantes para a importância da leitura, porque – afirmou – se não tivesse lido como li, nunca teria conseguido escrever como escrevo.
Antes de ser escritor, fui leitor, leitor viciado, num tempo em que quase não havia bibliotecas, salvo a itinerante da Fundação Calouste Gulbenkian. Foi nesse tempo que descobri Virgil Georgiu, um escritor grego a quem me agarrei, aprendendo para a vida o gosto pela leitura, a tal ponto que posso afirmar que tudo o que sou devo-o aos livros.
Partilhando a sua experiência com os alunos, desafiou-os a também explorarem os caminhos da leitura, porque – defendeu com convicção – a leitura ajuda-nos a sermos melhores, a sermos livres, isto é, a sabermos fazer, a sabermo-nos defender, a conseguirmos exprimir-nos, a sermos capazes de satisfazer as nossas necessidades básicas, sem precisarmos de tutores ou de solicitadores. Em suma, a leitura está na origem de tudo o que é importante, insistiu o convidado.

Numa viagem pelo imaginário popular, pelos penedos da Fonte Santa e da Moura Encantada, Jaime Ferreri convidou ainda os alunos a apurarem o seu espírito crítico e a treinarem a arte de saborear as palavras e a sua musicalidade, porque o sabor é um dos sentidos mais refinados.
Outro momento que despertou grande interesse prendeu-se com a partilha do seu percurso de vida, com o esforço e trabalho a que teve de se entregar para conseguir estudar e valorizar-se pessoal e profissionalmente, e com as suas memórias da guerra colonial, pelo que – concluiu – no meio de todas as dificuldades podemos sempre fazer coisas fantásticas.
A terminar, Jaime Ferreri não poderia ter sido mais direto e assertivo na mensagem que deixou aos jovens estudantes: A melhor coisa que podemos ter na vida é a ilusão, não é o dinheiro. Por isso, leiam, viajem por mundos imaginários, interajam com personagens e com vivências ficcionadas. Nunca tenham inveja de ninguém, nem fiquem de mal convosco. E cada um siga o seu caminho, porque somos únicos, como eu não há ninguém!
Recorde-se que Jaime Ferreri é autor de vários títulos, nomeadamente, “O cabrito montês” (novela), “Fizeram de mim soldado”, “Os homens também hibernam”, “A minha filha Inês” (romance), e ainda “Crónicas (Des)alinhadas” e “Pecúlio” (poesia).
No próximo dia 18 de maio, é apresentada na Feira do Livro de Ponte da Barca a sua mais recente obra, “O Suco das Palavras” (contos).  
A Organização   

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