“O que faz falta”, de Zeca Afonso
A caminho dos 50 anos do “25 de Abril”, continuamos
com a rubrica semanal “A Cantiga é uma Arma”.
Segundo Nuno Pacheco, no seu artigo de opinião
“José Afonso, Alípio e a força da memória” (Público, 23/02/2017), certa noite,
ainda em 1973, Zeca Afonso «foi cantar “O que faz falta” para que uma fábrica
não fechasse e ela não fechou – era a Fábrica de Papel da Abelheira, do grupo
Champalimaud, de onde saiu o papel para imprimir o livro “Portugal e o Futuro”,
de António de Spínola, obra que, como recorda João Paulo Guerra, "forneceu
a muitos dos Capitães de Abril uma bandeira e um ideário para derrubar o
regime."»
O jornalista Mário Lima, por sua vez, lembra que «a
fábrica fora encerrada em 15 de janeiro de 1973 e que os trabalhadores
resistiram aos despedimentos ocupando as instalações de São Julião do Tojal,
Loures.»
Foto Rui Ochôa |
«O José Afonso foi na qualidade de homem solidário.
E, já que lá estava, cantou. Cantou “O que faz falta…”, acompanhado por um coro
de vozes de trabalhadores ao longo de meia hora, três quartos de hora… Sempre
em crescendo, um crescendo de emoção e exaltação, com estrofes e versos
improvisados sobre o refrão: O que faz falta é avisar a malta… animar a malta…
juntar a malta… organizar a malta… libertar a malta… armar a malta…"»,
refere ainda Mário Lima.
Quase 50 anos depois, este grito de cidadania
mantém-se vivo e traduz-se num apelo constante à intervenção esclarecida,
pró-ativa.
Vamos, então, ouvir e cantar “O que faz falta”, com Zeca Afonso…
A Organização
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