sábado, 24 de abril de 2021

 Fernão de Magalhães: 500 anos da Partida

Na próxima terça-feira, 27 de abril de 2021, assinalam-se os 500 anos da morte de Fernão de Magalhães, em Mactan, Ilhas de São Lázaro, poucos anos depois designadas Filipinas, em homenagem ao príncipe Filipe.

O Agrupamento de Escolas de Ponte da Barca celebra a efeméride, tanto mais que este notável vulto da Humanidade é muito provavelmente natural da Terra da Nóbrega. 

A vida de Fernão de Magalhães é uma verdadeira aventura, marcada pelo signo da partida…

Foi a partida, por volta de 1492, ainda menino e moço, da sua terra natal, muito provavelmente a Terra da Nóbrega, para a capital do reino, a Lisboa das Descobertas, dal mil e uma partidas e de muitas chegadas.

Foi a partida, em 1505, para o Oriente, na armada de D. Francisco de Almeida, por lá participando em alguns dos acontecimentos mais relevantes da afirmação lusa naquelas paragens longínquas.

Foi a partida, em 1511, de Malaca em direção às Ilhas das Especiarias, na armada comandada por António de Abreu, integrando o grupo dos primeiros europeus que alcançaram as Molucas do Sul e navegaram, sem o saber, as águas do Mar do Sul, depois chamado Oceano Pacífico.

Foi a partida, em 1513, para Azamor, no Norte de África, onde foi quadrilheiro-mor. E a partida amarga de, injustamente, o acusarem de negócios desonestos. E ainda a partida de ser ferido em combate, ficando a coxear para o resto da vida.

Foi, depois, a negra partida de D. Manuel I. O monarca Venturoso recusou-lhe o aumento da moradia, ou ordenado a que tinha direito como cavaleiro da Casa Real, assim como o comando de uma armada às Molucas pela rota do Oceano Índico, ao serviço de Portugal.

Foi, então, a partida, em 1517, para o outro lado da fronteira, a partida a caminho de Sevilha, o grande centro da preparação das navegações espanholas.

Foi a partida para Valhadolide e para Barcelona, ao encontro de Carlos I, futuro imperador Carlos V, para negociar o apoio ao seu projeto de chegar às Ilhas das Especiarias, agora navegando para Ocidente e contornando o continente americano.

Foi a partida da sua vida! A partida de Sevilha da “Armada das Molucas”, a 10 de agosto de 1519, rio Guadalquivir abaixo, e a partida para o alto mar, em Sanlúcar de Barrameda, a 20 de setembro do mesmo ano.

E foram tantas as partidas e as paragens por esses mares além, “para lá do fim do mundo”. Nas Canárias, na Baía de Santa Luzia (Baía de Guanabara, Rio de Janeiro), no estuário do rio da Prata, na Baía de São Julião (Patagónia, Argentina), no estuário de Santa Cruz, pelas labirínticas, gélidas e assustadoras águas da passagem desejada, a que chamaram Canal de Todos-os-Santos e que para a posteridade ficou como Estreito de Magalhães.

E foi a partida para a heroica travessia do mar que batizaram de Pacífico. Mais de 100 dias sem pisar terra firme, numa luta pela sobrevivência, até que, a 6 de março de 1521, chegaram a Guam.

E foi a partida daquela a que designaram Ilha dos Ladrões. E de Homonhon, já no arquipélago a que deram o nome de São Lázaro e que, pouco tempo depois, passou a Filipinas – em honra do príncipe Filipe. E de Limasawa e de Cebu, grande centro comercial da região.

E foi a partida para a Ilha de Mactan, para impor a sua autoridade ao chefe local, que se recusava a prestar vassalagem ao rei de Cebu, que já se declarara súbdito de Carlos V e se convertera.

Era o dia 27 de abril de 1521. Fernão de Magalhães ignorou os apelos e conselhos e mobilizou um contingente de apenas uns 60 homens contra as forças de Lapu-Lapu, que se calculou serem em número superior a 1500.

Como que num gesto sacrificial, recusou ainda o auxílio das forças aliadas de Humabon e escolheu um local inadequado para o desembarque, perdendo-se, assim, a proteção da retaguarda, com o poder de fogo da armada.

Demasiados erros fatais!

Fernão de Magalhães caiu morto no areal da Ilha de Mactan.
Mesmo na hora suprema, mostrou-se igual a si próprio: determinado, heroico. A última imagem que os companheiros guardaram dele, combatendo ainda na praia, foi a de um líder a olhar para trás, para verificar se os seus homens já estavam a salvo, na retirada nos batéis. Magalhães tombou a bater-se pelos seus…

Foi a última partida que a vida lhe pregou. A partida suprema e definitiva.

Era o dia 27 de abril do ano da graça de 1521.

Era um sábado!

O dia da última partida de Magalhães!

Biblioteca Escolar

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