terça-feira, 8 de setembro de 2020

 Ao serviço da Literacia da Informação…

 Celebra-se, hoje, 8 de setembro, o Dia Internacional da Literacia, uma jornada que visa concentrar as atenções mundiais na alfabetização e na aprendizagem ao longo da vida.


Para a UNESCO, apesar dos progressos atingidos, os desafios de alfabetização persistem: cerca de 773 milhões de adultos em todo o mundo não têm competências básicas neste domínio. E, entre nós, ainda há perto de meio milhão de portugueses sem essas habilitações.

Mas o nosso país e a sociedade em geral debatem-se com um outro problema. É que vão longe, muito longe, os tempos em que o conceito de literacia significava apenas a capacidade de ler. E, à época, já significava imenso!

Desde há umas décadas a esta parte, o desafio ganhou outra dimensão. Em plena “era digital”, assistimos a um crescimento exponencial do imenso oceano da informação, que deixou de ser um privilégio de um número restrito de iluminados para passar a estar ao alcance de quase todos. É a “Sociedade da Informação”, verdadeira marca identitária de um mundo que se transformou numa “aldeia global”, para usar a feliz expressão de McLuhan.

Ora, é neste contexto que se impõem como prioritárias as chamadas literacias, nomeadamente a da informação. Porque, sem esta ferramenta, teremos uma multidão cada vez mais acrítica, amorfa, insensível, estúpida, desumana. Teremos uma cidadania cada vez mais anémica. E jamais veremos desabrochar o admirável mundo novo da “Sociedade do Conhecimento”.

Não basta, de facto, consumir informação. É preciso saber processá-la e o elemento responsável pelo processamento de toda a informação é o domínio da crítica. Sem ela, fica-se à mercê de slogans enganosos, da manipulação fácil, do fascínio instantâneo das notícias falsas.

Neste novo paradigma, à escola e à sociedade em geral coloca-se o desafio extremamente arrojado de preparar as novas gerações, equipando-as com as chamadas competências ou “habilidades de informação”, de tal forma que sejam capazes de, ao longo da vida, saber procurar, nos diversos suportes, a informação de que necessitam, de saber recolhê-la, avaliá-la, compreendê-la e tratá-la, tendo em vista a produção crítica de nova informação que responda a situações novas, comunicando-a de uma forma eficaz, ética e socialmente responsável.

Esta é a ferramenta fundamental para a vida que a instituição escolar deve facultar aos estudantes, isto é, ajudá-los a “aprender a aprender”. Porque a literacia da informação (e dos “media”) é o único caminho que abre horizontes no capítulo da construção do conhecimento, contribuindo para o aprofundamento da autonomia, na medida em que exige uma participação ativa e crítica.

E um estudante com autonomia e capacidade de construir o seu próprio conhecimento é, seguramente, um aluno mais bem apetrechado, que oferece mais garantias de sucesso escolar, e um cidadão equipado com as ferramentas que lhe auguram sucesso pessoal, profissional e cívico. Em síntese, é, com certeza, um espírito lúcido, uma mente criativa, um cidadão com horizontes, uma pessoa com autonomia e valor(es), um Homem com futuro…

Prof. Luís Arezes

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