Ao serviço da Literacia da Informação…
Para a UNESCO, apesar dos progressos atingidos, os desafios de alfabetização persistem: cerca de 773 milhões de adultos em todo o mundo não têm competências básicas neste domínio. E, entre nós, ainda há perto de meio milhão de portugueses sem essas habilitações.
Mas o nosso país e a sociedade em geral debatem-se com um outro problema. É que vão longe, muito longe, os tempos em que o conceito de literacia significava apenas a capacidade de ler. E, à época, já significava imenso!
Desde há umas décadas a esta parte, o
desafio ganhou outra dimensão. Em plena “era digital”, assistimos a um crescimento exponencial do
imenso oceano da informação, que deixou de ser um privilégio de um número
restrito de iluminados para passar a estar ao alcance de quase todos. É a “Sociedade
da Informação”, verdadeira marca identitária de um mundo que se transformou
numa “aldeia global”, para usar a feliz expressão de McLuhan.
Ora, é neste contexto que se impõem como
prioritárias as chamadas literacias, nomeadamente a da informação. Porque, sem
esta ferramenta, teremos uma multidão cada vez mais acrítica, amorfa,
insensível, estúpida, desumana. Teremos uma cidadania cada vez mais anémica. E
jamais veremos desabrochar o admirável mundo novo da “Sociedade do
Conhecimento”.
Não basta, de facto, consumir informação. É preciso saber
processá-la e o elemento responsável pelo processamento de toda a informação é
o domínio da crítica. Sem ela, fica-se à mercê de slogans enganosos, da
manipulação fácil, do fascínio instantâneo das notícias falsas.
Neste novo paradigma, à escola e à
sociedade em geral coloca-se o desafio extremamente arrojado de preparar as
novas gerações, equipando-as com as chamadas competências ou “habilidades de
informação”, de tal forma que sejam capazes de, ao longo da vida, saber
procurar, nos diversos suportes, a informação de que necessitam, de saber
recolhê-la, avaliá-la, compreendê-la e tratá-la, tendo em vista a produção crítica
de nova informação que responda a situações novas, comunicando-a de uma forma eficaz,
ética e socialmente responsável.
Esta é a ferramenta fundamental para a
vida que a instituição escolar deve facultar aos estudantes, isto é, ajudá-los
a “aprender a aprender”. Porque a literacia da informação (e dos “media”) é o
único caminho que abre horizontes no capítulo da construção do conhecimento, contribuindo
para o aprofundamento da autonomia, na medida em que exige uma participação
ativa e crítica.
E um estudante com autonomia e capacidade de construir o seu
próprio conhecimento é, seguramente, um aluno mais bem apetrechado, que oferece
mais garantias de sucesso escolar, e um cidadão equipado com as ferramentas que
lhe auguram sucesso pessoal, profissional e cívico. Em síntese, é, com certeza,
um espírito lúcido, uma mente criativa, um cidadão com horizontes, uma pessoa
com autonomia e valor(es), um Homem com futuro…
Prof. Luís Arezes
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