quarta-feira, 11 de março de 2020

LER, LER, LER SEMPRE!


Carta 
a todos os viajantes…





Exploradores, viajantes, aventureiros. Estas pessoas inquietas que deixam a curiosidade falar mais alto e seguem os seus instintos na busca de novas descobertas. Estes eternos insatisfeitos: há sempre algo a mais por descobrir e algo a mais por experimentar. Na busca pelo novo, deparam-se com situações que provocam uma mudança no seu modo de viver. Viajantes nunca estão infelizes. Vivem num estado latente de transformação. Há sempre algo que pode romper com os paradigmas e conceitos mais sólidos da sua visão de mundo. Viajantes não possuem uma visão fixa do mundo, eles constroem-na constantemente. E desconstroem-na.
Pergunte a um viajante qual a melhor viagem que ele já fez. Dificilmente ele responderá de forma objetiva a esta questão. E dificilmente esta será uma resposta limitada. A cada viagem, uma nova visão sobre todas as outras viagens toma lugar na sua memória e cada momento lembrado adquire um novo significado. É bem provável que um viajante fale muito sobre a sua última viagem, mas, como um colecionador de objetos preciosos, há sempre uma peça especial que foi conquistada há muitos anos e uma peça por adquirir. E não pense que há um limite: um colecionador de paisagens sabe que todos os dias da sua vida serão insuficientes para adquirir todos os itens da sua coleção.
Há quem considere um viajante inconsequente, desapegado, louco. E há quem o chame de livre, desbravador, à frente do seu tempo. Eu voto por quem defina um viajante como aquele que verdadeiramente vive o presente. Parece um clichê, mas, se pensarmos bem, um viajante solta-se das amarras do passado e de tudo o que o prende às suas lembranças e antigos sonhos. Um viajante não pensa no que deixou, no que tinha há algum tempo e no que havia conquistado. E também não pensa no que será conquistado um dia, no que terá ou no que fará no futuro. Um viajante é talvez aquele ser que melhor aproveita o segundo que está a passar neste exato momento.
[…] Vivemos num mundo em que é cada dia mais difícil tomar as nossas próprias decisões. Estamos orientados a fazer aquilo que se tem de fazer por ser o certo. Estamos orientados a reproduzir o sucesso de outros, a comprar a nossa felicidade a prestações e sonhar os sonhos que nos ensinaram a sonhar. Ensinaram-nos a viver no porque sim. Mas aquele lugar maravilhoso por descobrir muitas vezes está longe do porque sim.
Escolhamos um destino improvável, uma montanha desconhecida, uma praia intocada. Desfrutemos da descoberta como um viajante que cria as suas histórias pelo simples prazer de contar uma novidade. Sejamos todos nesta vida viajantes. 
Ju Guimarães

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