De olhos na Estrela no
Oriente
Quando
chegam a Jerusalém, os Magos perguntam onde está o rei dos Judeus que acabara
de nascer. E acrescentam:
“Vimos
a sua estrela no Oriente e viemos adorá-lo” (Mt 2, 2).
Que
estrela é esta?
Trata-se
de um fenómeno astronómico para o qual há várias explicações. Para uns, terá
sido um cometa. Para outros, a estrela terá resultado da conjunção de Saturno e
de Júpiter. Para outros, deverá ter sido algo milagroso que fez refletir as
pessoas familiarizadas com o estudo dos astros, como era o caso dos Magos. A
maioria dos exegetas, porém, pensa que foi um meteoro extraordinário que guiou
os Magos até Belém.
Seja como for, a estrela tornou-se o símbolo do nascimento de Jesus. E, frequentemente, é representada com quatro pontas e uma cauda luminosa para significar as quatro direções da Terra. De todos os lados, virão adorar o Deus-Menino, luz de todos os povos e de todas as nações.
Melchior,
Gaspar e Baltasar
Importa
assinalar que o título de reis, o número três, bem como os seus nomes próprios
se devem a uma tradição que nada tem a ver com os Evangelhos.
Apesar
de, até ao século VI, a palavra “rei”,
na literatura cristã, ter um sentido religioso e não político, os Magos não
eram reis, porque o Evangelho não os identifica como tal, nem Herodes os tratou
com esse estatuto. O primeiro autor a chamar-lhes “reis” foi S. Cesário de Arles, no século VI, ao que tudo indica por
influência do Salmo 72 que exalta a
figura messiânica do rei ideal.
Quanto
ao número, resultará mais de considerações religiosas e simbólicas, por causa
dos três presentes oferecidos. O papa S. Leão, nos meados do século V, foi o
primeiro a propor, formalmente, o número três.
Também os nomes são discutíveis, tanto mais que Melchior (rei da luz), Gaspar (aquele que vem ver) e Baltasar (Baal protege o rei), designações com que a Igreja latina os venera, apenas aparecem no princípio do século VIII. É desta altura um curioso texto de Beda, o Venerável, considerando-os representantes, respetivamente, da Europa, da Ásia e da África. Garante ainda o autor que Melchior, um velho de cabelos brancos e de barba comprida, ofereceu o ouro. Que Gaspar entregou o incenso. E que a mirra foi o presente de Baltasar, um mago de pele negra.
Ouro,
incenso e mirra
Sábios
da astrologia, os Magos terão vindo da Pérsia, da Arábia ou, mais
provavelmente, da Babilónia, na Mesopotâmia. Eram conhecedores do messianismo
hebraico, porventura na sequência da queda e da destruição de Jerusalém, em
Segundo
a tradição judaica, o Messias tinha como signo a constelação dos Peixes e, na
Caldeia, a opinião corrente defendia que a constelação era também o signo da
Terra do Ocidente.
Trata-se
de uma ideia corroborada por Tácito e Suetónio. Os dois historiadores romanos
deixaram-nos o testemunho de que, no Oriente, havia, por esta altura, a
expectativa de que a Judeia havia de ser palco de acontecimentos extraordinários.
Interessante
é também o facto de Júpiter ser considerado por todos os povos como a estrela
da fortuna e da realeza. Saturno, por sua vez, era visto, entre os Judeus, como
o protetor de Israel e a astrologia babilónica reconhecia isso mesmo, que o
planeta do anel era a estrela especial das vizinhas Síria e Palestina.
Não
admira, por isso, que os astrólogos tenham reparado na conjunção tão notável de
Júpiter e de Saturno (o protetor do povo de Israel) na constelação dos Peixes,
signo da Terra do Ocidente e do Messias. Segundo a interpretação astrológica,
era óbvio que estava iminente o aparecimento de um rei poderoso na Terra do
Ocidente…
Impensável
naquelas paragens era alguém apresentar-se de mãos vazias na presença de alguém
importante. Por isso, os Magos ofereceram-lhe ouro, incenso e mirra (planta
usada para embalsamar os cadáveres), presentes que representam o
reconhecimento, respetivamente, da realeza, da divindade e da humanidade de
Jesus.
Prof.
Luís Arezes
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