Querido Pai,
Espero que estejas a dar-te bem aí pelo
Céu. Se estiveres, eu, cá na Terra, também estarei, apesar das saudades. Dizem
que o Céu é um Paraíso e eu acredito… Assim sendo, estás no sítio certo.
Sabes? Hoje é o Dia do Pai e passei
este dia, tal como passo tantos dias da minha vida, a pensar em ti e na mãe. A
mãe foi para aí muito cedo, foi pena, podia ter esperado por ti, e, desta forma,
tínhamos sido uma família completa e feliz por muito mais tempo.
Os teus netos estão bem, embora o José
esteja no desemprego, porque os Estaleiros Navais fecharam, mas já estávamos a
contar com isso, pois esta morte já estava anunciada, ao contrário da tua e da
da mãe, que me apanharam completamente desprevenida. Sabes, pai? É que, apesar
da idade, ninguém está preparado, para estas coisas… E eu não estava! Isso
deixou-me inconsolável e mais pobre, pois não posso usufruir do vosso carinho.
A Marlene continua a dar aulas, agora
mais longe, mas continua com a motivação costumeira, apesar da perseguição que
vem sendo feita aos funcionários públicos e em especial aos professores.
Eu, cá, continuo à espera de muita
coisa: de melhores dias, da aposentação e do dia em que me irei juntar a ti e à
mãe.
Pai, eu sei que aí não te cansas, mas
eu tenho trabalhado muito, sinto-me cansada e tenho a garganta inflamada, por
isso vou terminar. Para o ano, escrevo-te outra vez. Aqui vão muitos beijitos,
desta filha que não consegue esquecer-te,
Lucibei
P.S.:
Não te esqueças de dividir os beijos com a mãe que ela também é filha de Deus…
O Deus que vos levou de mim, mas Ele lá sabe o que faz.
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