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terça-feira, 17 de junho de 2025

Alunos do 2.º ano participam 

no Diagnóstico da Fluência Leitora

Os 72 alunos que frequentam o 2.º ano de escolaridade no Agrupamento de Escolas de Ponte da Barca acabam de participar no Diagnóstico da Fluência Leitora.


Ao longo de quatro dias, as três turmas da EB Diogo Bernardes e a turma da EB de Crasto, assim como a da EB de Entre Ambos-os-Rios, operacionalizaram esta atividade solicitada pelo Instituto de Avaliação Educativa (IAVE), em parceria com a Rede de Bibliotecas Escolares (RBE).

Envolvendo, a nível nacional, todos os alunos do 2.º ano, a iniciativa consta como prioridade do plano “Aprender Mais Agora”, apresentado em setembro de 2024, focado na melhoria da aprendizagem de todos os alunos.

Para avaliar a fluência leitora, cada aluno, individualmente, procedeu à leitura de um texto, durante um minuto, cabendo à respetiva professora  titular registar, numa plataforma, o número de palavras lidas (indicador da velocidade) e o número de erros cometidos (indicador da precisão).

Em simultâneo, os restantes membros da turma participaram em atividades de leitura orientadas pela Biblioteca Escolar. “A galinha dos ovos de ouro” foi a estória selecionada para o trabalho, tendo os discentes, após a audição da narrativa, desenvolvido uma atividade de expressão plástica e de escrita.

Todos os participantes deixaram um registo pessoal quanto à sua receção da estória, destacando, quase todos, a importância de praticar o Bem e de cultivar a Amizade. “’A galinha dos ovos de ouro’ ensina-me que é importante partilhar as coisas que nós temos e ajudar quem precisa” foi, por exemplo, o depoimento que o Gonçalo escreveu.

Biblioteca Escolar


segunda-feira, 16 de junho de 2025

Secretário de Estado visita Agrupamento de Escolas e aplaude trabalho de excelência

O Secretário de Estado Adjunto e da Educação inaugurou a requalificação da Biblioteca Escolar (BE) da Escola Básica Diogo Bernardes, uma intervenção de vários milhares de euros que só foi possível graças ao empenho da Direção e ao apoio da Rede de Bibliotecas Escolares (RBE), mediante a aprovação da candidatura ao programa “(re)Criar a Biblioteca Escolar”.

Alexandre Homem Cristo fez ainda questão de conhecer pessoalmente os alunos e professores envolvidos no projeto da produção para a “Barca FM” do programa semanal de rádio “Leituras e Companhia”,  em curso desde novembro de 2012, sob a responsabilidade da equipa da BE.

O governante inteirou-se, em pormenor, da dinâmica do trabalho, conversou com alguns dos colaboradores, concedeu uma entrevista ao programa e não se poupou em tecer os mais rasgados elogios à excelência do trabalho.

A visita do Secretário de Estado surgiu na sequência de uma promessa feita à comitiva do Agrupamento que, em Santarém, no dia 26 de fevereiro, partilhou, no Seminário “Aprender a ler, ler para aprender”, as suas experiências de leitura e a dinâmica do “Leituras e Companhia”.

A receção à comitiva oficial aconteceu no auditório da Secundária, numa sessão que, para além do Diretor, Carlos Louro, da Vereadora da Educação e Cultura, Rosa Maria Arezes, e da Coordenadora Interconcelhia da RBE, Carla Gandra, reuniu professores, colaboradores e convidados, com o objetivo de, num ambiente informal, proporcionar ao governante uma oportunidade para auscultar preocupações, recolher sugestões, partilhar desafios, e também apresentar algumas linhas de ação para os tempos mais próximos.

O programa incluiu, ainda, a inauguração, na Secundária, de um mural alusivo ao 5.º centenário do nascimento de Luís de Camões. Trata-se de um tríptico – Camões, a Viagem e o Mostrengo –, construído pelos alunos do Curso de Artes do Ensino Secundário, sob a coordenação dos professores José Carlos Sousa, Emanuel Cruz e Hugo Afonso.


No final da visita, Alexandre Homem Cristo fez o balanço da sua visita, deixando a seguinte mensagem no “Livro de Honra” do Agrupamento de Escolas de Ponte da Barca:

“Foi um tremendo gosto visitar o Agrupamento e testemunhar do vosso trabalho de excelência, que tanto beneficia os vossos alunos. Apreciei particularmente o sentido de compromisso e comunidade que une professores, técnicos, auxiliares e alunos, todos em prol de uma educação humanista e de horizontes largos”.

Biblioteca Escolar

terça-feira, 10 de junho de 2025

V CENTENÁRIO DO NASCIMENTO DE CAMÕES

Erros meus, má fortuna, amor ardente

Erros meus, má fortuna, amor ardente

Em minha perdição se conjuraram;

Os erros e a fortuna sobejaram,

Que para mim bastava amor somente.

 

Tudo passei; mas tenho tão presente

A grande dor das cousas, que passaram,

Que as magoadas iras me ensinaram

A não querer já nunca ser contente.

 

Errei todo o discurso de meus anos;

Dei causa [a] que a Fortuna castigasse

As minhas mal fundadas esperanças.

 

De amor não vi senão breves enganos.

Oh! quem tanto pudesse, que fartasse

Este meu duro Génio de vinganças!

Luís Vaz de Camões, Lírica Completa II, prefácio e notas de Maria de Lurdes Saraiva, Lisboa, Imprensa Nacional – Casa da Moeda, 1980, p. 164.

 

Num registo autobiográfico, o sujeito poético faz o balanço do seu percurso de vida, assinalando as causas da sua perdição: os erros que cometeu, o destino infeliz, que o perseguiu, e o amor intenso, que o desgraçou.

Segundo confessa, “Errei todo o discurso de meus anos”, assim justificando que a “Fortuna” tenha sido tão pouco generosa consigo. Mas, para que não restem dúvidas, garante que bastaria o amor, por si só, para a sua perdição. Uma perdição tão atroz e irremediável, que o impede de ter qualquer tipo de esperança, no presente…: “A não querer já nunca ser contente”.

Cópia de Luís de Resende do retrato de Camões
pintado por Fernão Gomes, ainda em vida do Poeta.
O original perdeu-se.

Numa primeira leitura, apetece afirmar que estamos perante o tópico clássico do amor como origem da desventura pessoal. Acontece que este testemunho intenso sobre o amor, de que o sujeito poético só viu “breves enganos”, convoca-nos para uma abordagem mais alargada. E aqui encontramos uma dimensão nova, profundamente pessoal e sofrida.

De facto, “o conjunto de poemas de Camões que abordam o tema da morte física ou psicológica do amor é demasiado vasto para que os possamos considerar meros exercícios de estilo, imitação convencional de modelos consagrados ou encomendas de outrem. Petrarca e os poemas petrarquistas – continua Isabel Rio Novo – influenciaram-no, seguramente; todavia, enquanto a poesia do italiano transmite uma impressão de serenidade, a de Camões está perpassada de agitações, impulsos, impaciências, contradições, que não advêm do sentimento do amor em si, mas antes das circunstâncias que o rodeiam: desigualdades sociais, afastamento, ausência, saudade, ciúme, remorso”.

Quer dizer, neste soneto sobejamente conhecido parece estar todo o drama emocional, existencial do Poeta, resultante do amor impossível – porque desigual… – que o perseguiu ao longo da vida e que esteve na origem de mil e uma desventuras, desde a prisão ao desterro.

Este tom fortemente disfórico, de profundo extremismo no balanço da existência, remete-nos para um outro soneto, igualmente sombrio, em que fala do início da sua vida:

(…) O dia em que nasci moura e pereça, (…)

(…) Ó gente temerosa, não te espantes,
Que este dia deitou ao Mundo a vida
Mais desgraçada que jamais se viu!


Túmulo de Luís Vaz de Camões, no Mosteiro dos Jerónimos, em Lisboa, da autoria de António Augusto da Costa Motta (1862-1930), conhecido como Costa Motta (Tio). Fotografia de Carlos Luis M. C. da Cruz.

Camões partiria no dia 10 de junho de 1580, já lá vão 445 anos. Morreu amargurado pela doença e pela miséria.

Morreu…, mas deixou-nos uma obra notável que vale uma literatura e que o afirmou como o símbolo maior da identidade nacional e da união do mundo da lusofonia.

É no dia da sua partida que celebramos quem somos. É a 10 de junho que comemoramos o Dia de Camões, de Portugal e das Comunidades Portuguesas.

Um bom dia para celebrar Camões, na voz de Amália Rodrigues! “Erros meus”, um tema do álbum “Fado Português”…

Fonte: Isabel Rio Novo, Fortuna, Caso, Tempo e Sorte – Biografia de Luís Vaz de Camões, Lisboa, Contraponto, 2024, pp. 133 e 586-587.

A Organização

terça-feira, 3 de junho de 2025

V CENTENÁRIO DO NASCIMENTO DE CAMÕES

As lágrimas de Inês

(…) Passada esta tão próspera vitória,

Tornado Afonso à Lusitana Terra,

A se lograr da paz com tanta glória

Quanta soube ganhar na dura guerra,

O caso triste e dino da memória,

Que do sepulcro os homens desenterra,

Aconteceu da mísera e mesquinha

Que despois de ser morta foi Rainha.

 

(…) Estavas, linda Inês, posta em sossego,

De teus anos colhendo doce fruto,

Naquele engano da alma, ledo e cego,

Que a Fortuna não deixa durar muito,

Nos saudosos campos do Mondego,

De teus fermosos olhos nunca enxuto,

Aos montes ensinando e às ervinhas

O nome que no peito escrito tinhas.

 

(…) Vendo estas namoradas estranhezas,

O velho pai sesudo, que respeita

O murmurar do povo e a fantasia

Do filho, que casar-se não queria,

 

Tirar Inês ao mundo determina,

Por lhe tirar o filho que tem preso,

Crendo co sangue só da morte indina

Matar do firme amor o fogo aceso.

Luís de Camões, Os Lusíadas, III, 118, 120, 122-123

A história do amor de Inês e Pedro é, sem dúvida, uma das mais comoventes e conhecidas da literatura portuguesa, inspirando o longo e belo episódio de Inês de Castro, no canto III d’”Os Lusíadas”.

Dois jovens, que se amam profunda e incondicionalmente, são vítimas de questões políticas, caindo numa tragédia em que o ódio, a vingança e a morte destroem a sua felicidade.

Face às recomendações dos conselheiros e à pressão do povo, D. Afonso IV, temendo que a relação de Inês com o príncipe D. Pedro, herdeiro do trono, pudesse acarretar perigo para o reino, resolve cortar o mal pela raiz: a bela fidalga galega é condenada à morte!

Quando Inês toma conhecimento desta decisão, vai ter com o rei, rodeada dos filhos, e suplica clemência, por se considerar inocente. Em desespero, implora ao monarca que comute a pena por um degredo.


Tragédia de Inês de Castro, de Bordalo
Pinheiro (1857-1929), Museu Militar de Lisboa.

Preocupa-a, acima de tudo, os filhos, “que tão queridos tinha e tão mimosos, / cuja orfandade como mãe temia” (III, 125), e, então, pede a D. Afonso IV: “A estas crianças tem respeito” (III, 127).

Tudo em vão! A execução de Inês de Castro aconteceu a 7 de janeiro de 1355, em Coimbra.

Anos depois, D. Pedro, já rei de Portugal, declarou que havia casado clandestinamente com Inês, uns tempos antes da sua morte. E foi mais longe… Promoveu o trasladação do seu corpo do mosteiro de Santa Clara de Coimbra para o mosteiro de Alcobaça. E, na estátua do túmulo de Inês, impôs-lhe a coroa.

Quando faleceu, foi sepultado junto da sua amada, a “mísera e mesquinha / Que despois de ser morta foi Rainha”. Os seus túmulos são duas verdadeiras obras-primas da escultura gótica em Portugal.

Neste episódio d’”Os Lusíadas”, Camões mostra Inês como o símbolo do protesto contra o autoritarismo do poder real e os mandamentos da Igreja, assumindo os riscos da liberdade, qual cordeiro angélico e inocente levado ao sacrifício, numa gesta que conduz à coroação do amor que assume a morte e, por isso, se projeta na eternidade.

O amor trágico de Inês e de Pedro, nomeadamente, a versão recriada por Camões, alimentou o imaginário popular, num misto de factos, lenda e mito, transformando-se numa história intemporal, que atraiu e inspirou, ao longo dos séculos, grande número de poetas, escritores e outros artistas de várias nacionalidades, da música ao bailado, da escultura à pintura e ao cinema.

Vamos ouvir a história de Pedro e Inês na voz de Maria de Vasconcelos. A canção, da sua autoria, chama-se “Sempre (D. Pedro e D. Inês)” e faz parte do álbum “As canções da Maria – Especial História de Portugal”.

 A Organização


sábado, 31 de maio de 2025

Campanha “Papel por Alimentos" promove cidadania

A Biblioteca Escolar do Agrupamento e a comunidade escolar em geral desenvolveram um trabalho muito importante na operacionalização da campanha “Papel por Alimentos”.

Ao longo do ano letivo, foram recolhendo papel e cartão, situação que, juntamente com um desbaste do fundo documental da BE, permitiu reunir uma quantidade significativa de material reciclável.

Em articulação com o Rotary Club de Ponte da Barca, as várias centenas de quilos de papel e cartão recolhidas foram, entretanto, encaminhadas para o Banco Alimentar Contra a Fome de Viana do Castelo.

Recorde-se que a campanha “Papel por Alimentos” é uma iniciativa promovida pela Federação Portuguesa dos Bancos Alimentares, com contornos ambientais e de solidariedade: por cada tonelada de papel, é entregue aos Bancos Alimentares Contra a Fome o equivalente a 70 euros em produtos, a distribuir por instituições que prestam apoio aos mais carenciados.

Com esta ação, promoveu-se o exercício da cidadania e deu-se um contributo muito significativa para a consecução de vários dos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), estabelecidos pela Assembleia Geral das Nações Unidas, mostrando que o papel de cada um é essencial na luta contra a fome e na promoção da sustentabilidade.

Biblioteca Escolar

quarta-feira, 28 de maio de 2025

Sandra Lima conta De onde vêm os abraços?

e encanta os mais novos

A magia da palavra e a força dos sentimentos/ emoção encheram de vida e de encanto os encontros que a autora Sandra Lima dinamizou com os alunos das Escolas Básicas de Entre Ambos-os-Rios e de Crasto.

Num ambiente de grande proximidade e envolvimento, a escritora apresentou aos mais novos a estória do seu livro de literatura infantojuvenil De onde vêm os abraços?, ilustrado por Bolota.


Foi uma experiência muito forte, através de uma viagem na companhia da protagonista, Nélia Regina, uma menina especial e muito feliz que tem uma forma própria de comunicar com a natureza e com quem a rodeia.

Através de uma dinâmica interativa, Sandra Lima partilhou esta história de afetos e de inclusão, ajudando a pequenada a descobrir de onde vêm os abraços pela mão de uma criança que tem numa árvore a sua mais profunda confidente e amiga, num mundo de silêncios.


Para além de um momento forte de formação afetiva e de educação ambiental, o encontro proporcionou ainda um contacto muito rico com a beleza expressiva dos códigos cénicos, tais como a exploração da palavra e da entoação da voz, o silêncio, a mímica, o movimento, os adereços…

Biblioteca Escolar

terça-feira, 27 de maio de 2025

V CENTENÁRIO DO NASCIMENTO DE CAMÕES

Sete anos de pastor Jacob servia

Sete anos de pastor Jacob servia

Labão, pai de Raquel, serrana bela:

Mas não servia ao pai, servia a ela,

E a ela só por prémio pretendia.

 

Os dias, na esperança de um só dia,

Passava, contentando-se com vê-la:

Porém o pai, usando de cautela,

Em lugar de Raquel lhe dava a Lia.

 

Vendo o triste pastor que com enganos

Lhe fora assim negada a sua pastora,

Como se a não tivera merecida,

 

Começa de servir outros sete anos,

Dizendo: “Mais servira, senão fora

Para tão longo amor tão curta a vida”.

Luís de Camões, Lírica Completa II, prefácio e notas de Maria de Lurdes Saraiva, Lisboa, Imprensa Nacional – Casa da Moeda, 1980, p. 168. 

Partindo do episódio bíblico apresentado no capítulo 29 do livro Génesis, que tem Jacob como protagonista, este soneto acaba por esquecer elementos menos comovedores da fonte de inspiração e, com grande sensibilidade, valoriza um sentido original, ao centrar-se na exaltação da constância do amor e da fidelidade a toda a prova.   

Jacob representa, de facto, uma personagem que ultrapassa todas as barreiras, a fim de merecer a pessoa que ama. Durante sete anos, “o triste pastor” serve Labão, na esperança de merecer Raquel como prémio desse trabalho, mas a sua esperança é enganada, pois o pai dá-lhe outra filha, chamada Lia.


Raffaello Sanzio, “Encontro de Raquel com Jacob” (1518-19)

Jacob não desiste e começa – ou recomeça – a servir Labão durante mais sete anos. As palavras finais do poema, pronunciadas emotivamente em estilo direto, manifestam, de uma forma magistral, o seu ânimo firme e decidido, o seu amor sólido e imutável:

“[…] Mais servira, senão fora

Para tão longo amor tão curta a vida”.

Num estilo simples e numa linguagem direta, o soneto afirma-se como uma autêntica narrativa da alma do povo. Citando Agostinho de Campos, dir-se-ia que “o moço minhoto, aldeão e analfabeto, que tenha pensado em emigrar para longe, com a esperança de voltar ao fim de anos e casar-se com a rapariga que ama, filha do lavrador mais rico da terrinha, chorará com certeza, se ouvir ler esses versos, porque os pode compreender e sentir de ponta a ponta”.

Esta simplicidade e fluidez narrativa terão, certamente, justificado a vasta receção que o poema teve, não só em Portugal, mas, sobretudo, em Espanha, a ponto de ser considerado um dos textos líricos mais célebres e imitados de Camões.

Carolina Michaëlis “estudou em especial as imitações que o poema originou em Espanha e, segundo afirma, o soneto, ainda antes da sua publicação na primeira impressão das Rimas, em 1595, foi espalhado em numerosos apógrafos pelos reinos de Espanha, tendo sido citado, traduzido e imitado por diversos autores”.

Teófilo Braga sustenta mesmo que “Sete anos de pastor Jacob servia” foi parafraseado pelo próprio Filipe II de Castela…

Sugerimos a audição do poema cantado por Amália Rodrigues. Faz parte do seu derradeiro álbum de originais, Obsessão, de 1990.

Fonte: Xosé Manuel Dasilva Fernández, “O soneto camoniano ‘Sete anos de pastor Jacob servia’ à luz do cânone editorial de Leodegário A. de Azevedo Filho”, em “O Marrare” – Revista da Pós-Graduação em Literatura Portuguesa. Disponível em http://www.omarrare.uerj.br/numero15/xosemanuel.html, acedido em 23/05/2025. 

A Organização

sexta-feira, 23 de maio de 2025

Entrega dos prémios do Concurso de Leitura

Foi num ambiente de festa e de celebração do livro e da leitura que aconteceu a sessão de entrega dos prémios do concurso de leitura que, ao longo do corrente ano letivo, mobilizou, no Agrupamento de Escolas de Ponte da Barca, a Educação Pré-escolar (EPE) e os alunos do 2.º Ciclo.

Com o patrocínio da Câmara Municipal, a entrega aconteceu no âmbito da Feira do Livro do Município e, na EPE, contemplou os finalistas da EB Diogo Bernardes (1.º classificado), os finalistas da EB de Crasto (2.° classificado) e os finalistas da EB de Entre Ambos-os-Rios (3.° classificado).

Por sua vez, no 2.º Ciclo, os três melhores desempenhos foram conseguidos, respetivamente, por Ana Valentina Gomes, do 5.º ano, Lara Cerqueira, também do 5.º, e António Pereira, do 6.º ano.

Nas suas intervenções, tanto o Presidente da Câmara Municipal, Augusto Marinho, como o Diretor do Agrupamento de Escolas, Carlos Louro, felicitaram os participantes no concurso, dirigindo uma saudação especial aos que alcançaram os três primeiros lugares. Partilharam ainda palavras de reconhecimento e de aplauso aos professores, bibliotecas e famílias, pela atenção que dedicam à promoção do livro e da leitura.

Recorde-se que, na EPE, as crianças trabalharam a obra “Gilberto, o cão poeta, anima a festa!”, de Gisela Silva, com ilustração de Ireneu Oliveira, enquanto no 2.º Ciclo o livro escolhido para o concurso foi “O Menino-Estrela", de Oscar Wilde.

A Organização

quinta-feira, 22 de maio de 2025

Sarau de Poesia: A Festa da Palavra bem dita

O auditório da Feira do Livro do Município de Ponte da Barca acolheu mais um Sarau de Poesia, atividade que constituiu uma verdadeira Festa da Palavra, bem dita e bem cantada.

Mobilizando alunos dos 1.º ao 12.º anos do Agrupamento de Escolas, familiares, amigos e professores e ainda alunos e o coro dos ensinos livre e articulado de música da Academia de Ponte da Barca, o sarau foi um momento de exaltação da Palavra, celebrando a língua de Camões, a propósito da passagem dos 500 anos do nascimento do épico, e também os valores da Revolução de Abril, cujo cinquentenário se continua a assinalar.  


Perante uma numerosa plateia, sempre atenta aos múltiplos desempenhos, dezenas de participantes deram voz à Poesia, partilharam emoções e sentiram a riqueza e a beleza da Arte.

Entre os presentes, estiveram o Presidente da Câmara Municipal, Augusto Marinho, e o Diretor do Agrupamento de Escolas, Carlos Louro, para além das vereadoras Rosa Maria Arezes e Diana Sequeira e da Coordenadora Interconcelhia da Rede de Bibliotecas Escolares, Carla Gandra.

Nas suas intervenções, Augusto Marinho e Carlos Louro felicitaram os participantes, respetivas famílias e a Biblioteca Escolar – organizadora do evento, em articulação com a Autarquia, a comunidade escolar e a Academia de Música de Ponte da Barca – e enalteceram a importância da leitura e o poder da Palavra, enquanto ferramentas que ajudam a interpretar o mundo e a vida com lucidez.

“Viva a Poesia!” é a mensagem que a todos continua a inspirar

A Organização

V CENTENÁRIO DO NASCIMENTO DE CAMÕES

A Máquina do Mundo e Fernão de Magalhães

Eis aqui as novas partes do Oriente

Que vós outros agora ao mundo dais,

Abrindo a porta ao vasto mar patente,

Que com tão forte peito navegais.

Mas é também razão que, no Ponente,

Dum Lusitano um feito inda vejais,

Que, de seu Rei mostrando-se agravado,

Caminho há de fazer nunca cuidado.

 

[…] Mas cá onde mais se alarga, ali tereis

Parte também, co pau vermelho nota;

De Santa Cruz o nome lhe poreis;

Descobri-la-á a primeira vossa frota.

Ao longo desta costa, que tereis,

Irá buscando a parte mais remota

O Magalhães, no feito, com verdade,

Português, porém não na lealdade.

 

Desque passar a via mais que meia

Que ao Antártico Polo vai da Linha,

Dũa estatura quase giganteia

Homens verá, da terra ali vizinha;

E mais avante o Estreito que se arreia

Co nome dele agora, o qual caminha

Pera outro mar e terra que fica onde

Com suas frias asas o Austro a esconde.

             Luís de Camões, “Os Lusíadas”, X, 138; 140-141

No longo episódio da Ilha dos Amores, que representa cerca de vinte por cento d’”Os Lusíadas”, há vários momentos marcantes que reforçam o seu carácter simbólico de prémio “bem merecido” pelos “trabalhos tão longos” (IX, 88).

Depois do casamento entre as ninfas e os navegantes, com os nossos heróis a serem divinizados, isto é, elevados ao estatuto dos deuses, imortais – “esforço e arte / Divinos os fizeram, sendo humanos” (IX, 91) –, acontece um banquete, durante o qual uma “bela ninfa” canta os futuros feitos dos Portugueses.

Téthis conduz, então, Vasco da Gama ao cimo de um monte, onde lhe mostra a chamada “máquina do Mundo”, revelando-lhe, no orbe terrestre, os lugares onde os lusos hão de praticar grandes obras e o que será o Império Português.


Nesta visão, surge o grande feito da viagem de Fernão de Magalhães, o herói cujas origens estão em Paço Vedro de Magalhães, concelho de Ponte da Barca.

Português no feito, mas “de seu Rei mostrando-se agravado”, será ao serviço de Castela que Magalhães “caminho há de fazer nunca cuidado”.

E, em Puerto de San Julián, verá homens de uma “estatura quase gigantesca”, os nativos  de pés enormes, a que o navegador chamou “Patagónios” ou “Patagões”, termo que estaria na origem da designação da região onde se encontravam, a Patagónia, bem lá no sul do continente americano.

Até que, “mais avante”, há de descobrir, ao longo de novembro de 1520, a passagem para o outro lado, através de um “Estreito que se arreia / Co nome dele agora”, o famoso  “Canal de Todos-os-Santos”, agora dito “Estreito de Magalhães”. E, chegados ao “outro mar”, que estava calmo, “Pacífico” lhe chamou, nome que substituiria o de Mar do Sul, que Balboa lhe dera, quando o avistara, uns anos antes, no Panamá.

Estamos perante o auge da glorificação: “comovido / De espanto e desejo” (X, 79), Vasco da Gama vê o que só aos deuses é dado ver. É a glorificação simbólica do conhecimento, do saber proporcionado pelo sonho da descoberta.

Ao ser elevado acima das categorias do tempo e do espaço e ao ser proclamado senhor do “Saber, alto e profundo, / Que é sem princípio e meta limitada” (X, 80), o herói recebe a coroação máxima. Com esta iniciação ao conhecimento ou Sapiência Suprema do Universo, passa do mundo profano, vulgar, para um mundo sagrado.

O “bicho da terra tão pequeno” (I, 106) vence, afinal, as suas próprias limitações e vai além “do que prometia a força humana” (I, 1), num verdadeiro hino ao orgulho humanista do Renascimento.

Podemos, igualmente, aproximar a máquina do Mundo da temática amorosa. De facto, o Amor é a força capaz de corrigir o caos e de restabelecer a Harmonia e, por isso, guiado por Téthis e pela força do Amor para contemplar a “máquina do Mundo”, o “felice Gama” (X, 75), agora divinizado, ouve o convite da deusa:

“Faz-te mercê, barão, a Sapiência

Suprema de, cos olhos corporais,

Veres o que não pode a vã ciência

Dos errados e míseros mortais” (X, 76).

Cabe ao homem, por meio de seus esforços, por meio do Amor, impor a si e àquilo que está em seu redor uma visão ordenada da Vida…

A Organização