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terça-feira, 17 de junho de 2025

Alunos do 2.º ano participam 

no Diagnóstico da Fluência Leitora

Os 72 alunos que frequentam o 2.º ano de escolaridade no Agrupamento de Escolas de Ponte da Barca acabam de participar no Diagnóstico da Fluência Leitora.


Ao longo de quatro dias, as três turmas da EB Diogo Bernardes e a turma da EB de Crasto, assim como a da EB de Entre Ambos-os-Rios, operacionalizaram esta atividade solicitada pelo Instituto de Avaliação Educativa (IAVE), em parceria com a Rede de Bibliotecas Escolares (RBE).

Envolvendo, a nível nacional, todos os alunos do 2.º ano, a iniciativa consta como prioridade do plano “Aprender Mais Agora”, apresentado em setembro de 2024, focado na melhoria da aprendizagem de todos os alunos.

Para avaliar a fluência leitora, cada aluno, individualmente, procedeu à leitura de um texto, durante um minuto, cabendo à respetiva professora  titular registar, numa plataforma, o número de palavras lidas (indicador da velocidade) e o número de erros cometidos (indicador da precisão).

Em simultâneo, os restantes membros da turma participaram em atividades de leitura orientadas pela Biblioteca Escolar. “A galinha dos ovos de ouro” foi a estória selecionada para o trabalho, tendo os discentes, após a audição da narrativa, desenvolvido uma atividade de expressão plástica e de escrita.

Todos os participantes deixaram um registo pessoal quanto à sua receção da estória, destacando, quase todos, a importância de praticar o Bem e de cultivar a Amizade. “’A galinha dos ovos de ouro’ ensina-me que é importante partilhar as coisas que nós temos e ajudar quem precisa” foi, por exemplo, o depoimento que o Gonçalo escreveu.

Biblioteca Escolar


segunda-feira, 16 de junho de 2025

Secretário de Estado visita Agrupamento de Escolas e aplaude trabalho de excelência

O Secretário de Estado Adjunto e da Educação inaugurou a requalificação da Biblioteca Escolar (BE) da Escola Básica Diogo Bernardes, uma intervenção de vários milhares de euros que só foi possível graças ao empenho da Direção e ao apoio da Rede de Bibliotecas Escolares (RBE), mediante a aprovação da candidatura ao programa “(re)Criar a Biblioteca Escolar”.

Alexandre Homem Cristo fez ainda questão de conhecer pessoalmente os alunos e professores envolvidos no projeto da produção para a “Barca FM” do programa semanal de rádio “Leituras e Companhia”,  em curso desde novembro de 2012, sob a responsabilidade da equipa da BE.

O governante inteirou-se, em pormenor, da dinâmica do trabalho, conversou com alguns dos colaboradores, concedeu uma entrevista ao programa e não se poupou em tecer os mais rasgados elogios à excelência do trabalho.

A visita do Secretário de Estado surgiu na sequência de uma promessa feita à comitiva do Agrupamento que, em Santarém, no dia 26 de fevereiro, partilhou, no Seminário “Aprender a ler, ler para aprender”, as suas experiências de leitura e a dinâmica do “Leituras e Companhia”.

A receção à comitiva oficial aconteceu no auditório da Secundária, numa sessão que, para além do Diretor, Carlos Louro, da Vereadora da Educação e Cultura, Rosa Maria Arezes, e da Coordenadora Interconcelhia da RBE, Carla Gandra, reuniu professores, colaboradores e convidados, com o objetivo de, num ambiente informal, proporcionar ao governante uma oportunidade para auscultar preocupações, recolher sugestões, partilhar desafios, e também apresentar algumas linhas de ação para os tempos mais próximos.

O programa incluiu, ainda, a inauguração, na Secundária, de um mural alusivo ao 5.º centenário do nascimento de Luís de Camões. Trata-se de um tríptico – Camões, a Viagem e o Mostrengo –, construído pelos alunos do Curso de Artes do Ensino Secundário, sob a coordenação dos professores José Carlos Sousa, Emanuel Cruz e Hugo Afonso.


No final da visita, Alexandre Homem Cristo fez o balanço da sua visita, deixando a seguinte mensagem no “Livro de Honra” do Agrupamento de Escolas de Ponte da Barca:

“Foi um tremendo gosto visitar o Agrupamento e testemunhar do vosso trabalho de excelência, que tanto beneficia os vossos alunos. Apreciei particularmente o sentido de compromisso e comunidade que une professores, técnicos, auxiliares e alunos, todos em prol de uma educação humanista e de horizontes largos”.

Biblioteca Escolar

terça-feira, 10 de junho de 2025

V CENTENÁRIO DO NASCIMENTO DE CAMÕES

Erros meus, má fortuna, amor ardente

Erros meus, má fortuna, amor ardente

Em minha perdição se conjuraram;

Os erros e a fortuna sobejaram,

Que para mim bastava amor somente.

 

Tudo passei; mas tenho tão presente

A grande dor das cousas, que passaram,

Que as magoadas iras me ensinaram

A não querer já nunca ser contente.

 

Errei todo o discurso de meus anos;

Dei causa [a] que a Fortuna castigasse

As minhas mal fundadas esperanças.

 

De amor não vi senão breves enganos.

Oh! quem tanto pudesse, que fartasse

Este meu duro Génio de vinganças!

Luís Vaz de Camões, Lírica Completa II, prefácio e notas de Maria de Lurdes Saraiva, Lisboa, Imprensa Nacional – Casa da Moeda, 1980, p. 164.

 

Num registo autobiográfico, o sujeito poético faz o balanço do seu percurso de vida, assinalando as causas da sua perdição: os erros que cometeu, o destino infeliz, que o perseguiu, e o amor intenso, que o desgraçou.

Segundo confessa, “Errei todo o discurso de meus anos”, assim justificando que a “Fortuna” tenha sido tão pouco generosa consigo. Mas, para que não restem dúvidas, garante que bastaria o amor, por si só, para a sua perdição. Uma perdição tão atroz e irremediável, que o impede de ter qualquer tipo de esperança, no presente…: “A não querer já nunca ser contente”.

Cópia de Luís de Resende do retrato de Camões
pintado por Fernão Gomes, ainda em vida do Poeta.
O original perdeu-se.

Numa primeira leitura, apetece afirmar que estamos perante o tópico clássico do amor como origem da desventura pessoal. Acontece que este testemunho intenso sobre o amor, de que o sujeito poético só viu “breves enganos”, convoca-nos para uma abordagem mais alargada. E aqui encontramos uma dimensão nova, profundamente pessoal e sofrida.

De facto, “o conjunto de poemas de Camões que abordam o tema da morte física ou psicológica do amor é demasiado vasto para que os possamos considerar meros exercícios de estilo, imitação convencional de modelos consagrados ou encomendas de outrem. Petrarca e os poemas petrarquistas – continua Isabel Rio Novo – influenciaram-no, seguramente; todavia, enquanto a poesia do italiano transmite uma impressão de serenidade, a de Camões está perpassada de agitações, impulsos, impaciências, contradições, que não advêm do sentimento do amor em si, mas antes das circunstâncias que o rodeiam: desigualdades sociais, afastamento, ausência, saudade, ciúme, remorso”.

Quer dizer, neste soneto sobejamente conhecido parece estar todo o drama emocional, existencial do Poeta, resultante do amor impossível – porque desigual… – que o perseguiu ao longo da vida e que esteve na origem de mil e uma desventuras, desde a prisão ao desterro.

Este tom fortemente disfórico, de profundo extremismo no balanço da existência, remete-nos para um outro soneto, igualmente sombrio, em que fala do início da sua vida:

(…) O dia em que nasci moura e pereça, (…)

(…) Ó gente temerosa, não te espantes,
Que este dia deitou ao Mundo a vida
Mais desgraçada que jamais se viu!


Túmulo de Luís Vaz de Camões, no Mosteiro dos Jerónimos, em Lisboa, da autoria de António Augusto da Costa Motta (1862-1930), conhecido como Costa Motta (Tio). Fotografia de Carlos Luis M. C. da Cruz.

Camões partiria no dia 10 de junho de 1580, já lá vão 445 anos. Morreu amargurado pela doença e pela miséria.

Morreu…, mas deixou-nos uma obra notável que vale uma literatura e que o afirmou como o símbolo maior da identidade nacional e da união do mundo da lusofonia.

É no dia da sua partida que celebramos quem somos. É a 10 de junho que comemoramos o Dia de Camões, de Portugal e das Comunidades Portuguesas.

Um bom dia para celebrar Camões, na voz de Amália Rodrigues! “Erros meus”, um tema do álbum “Fado Português”…

Fonte: Isabel Rio Novo, Fortuna, Caso, Tempo e Sorte – Biografia de Luís Vaz de Camões, Lisboa, Contraponto, 2024, pp. 133 e 586-587.

A Organização

terça-feira, 3 de junho de 2025

V CENTENÁRIO DO NASCIMENTO DE CAMÕES

As lágrimas de Inês

(…) Passada esta tão próspera vitória,

Tornado Afonso à Lusitana Terra,

A se lograr da paz com tanta glória

Quanta soube ganhar na dura guerra,

O caso triste e dino da memória,

Que do sepulcro os homens desenterra,

Aconteceu da mísera e mesquinha

Que despois de ser morta foi Rainha.

 

(…) Estavas, linda Inês, posta em sossego,

De teus anos colhendo doce fruto,

Naquele engano da alma, ledo e cego,

Que a Fortuna não deixa durar muito,

Nos saudosos campos do Mondego,

De teus fermosos olhos nunca enxuto,

Aos montes ensinando e às ervinhas

O nome que no peito escrito tinhas.

 

(…) Vendo estas namoradas estranhezas,

O velho pai sesudo, que respeita

O murmurar do povo e a fantasia

Do filho, que casar-se não queria,

 

Tirar Inês ao mundo determina,

Por lhe tirar o filho que tem preso,

Crendo co sangue só da morte indina

Matar do firme amor o fogo aceso.

Luís de Camões, Os Lusíadas, III, 118, 120, 122-123

A história do amor de Inês e Pedro é, sem dúvida, uma das mais comoventes e conhecidas da literatura portuguesa, inspirando o longo e belo episódio de Inês de Castro, no canto III d’”Os Lusíadas”.

Dois jovens, que se amam profunda e incondicionalmente, são vítimas de questões políticas, caindo numa tragédia em que o ódio, a vingança e a morte destroem a sua felicidade.

Face às recomendações dos conselheiros e à pressão do povo, D. Afonso IV, temendo que a relação de Inês com o príncipe D. Pedro, herdeiro do trono, pudesse acarretar perigo para o reino, resolve cortar o mal pela raiz: a bela fidalga galega é condenada à morte!

Quando Inês toma conhecimento desta decisão, vai ter com o rei, rodeada dos filhos, e suplica clemência, por se considerar inocente. Em desespero, implora ao monarca que comute a pena por um degredo.


Tragédia de Inês de Castro, de Bordalo
Pinheiro (1857-1929), Museu Militar de Lisboa.

Preocupa-a, acima de tudo, os filhos, “que tão queridos tinha e tão mimosos, / cuja orfandade como mãe temia” (III, 125), e, então, pede a D. Afonso IV: “A estas crianças tem respeito” (III, 127).

Tudo em vão! A execução de Inês de Castro aconteceu a 7 de janeiro de 1355, em Coimbra.

Anos depois, D. Pedro, já rei de Portugal, declarou que havia casado clandestinamente com Inês, uns tempos antes da sua morte. E foi mais longe… Promoveu o trasladação do seu corpo do mosteiro de Santa Clara de Coimbra para o mosteiro de Alcobaça. E, na estátua do túmulo de Inês, impôs-lhe a coroa.

Quando faleceu, foi sepultado junto da sua amada, a “mísera e mesquinha / Que despois de ser morta foi Rainha”. Os seus túmulos são duas verdadeiras obras-primas da escultura gótica em Portugal.

Neste episódio d’”Os Lusíadas”, Camões mostra Inês como o símbolo do protesto contra o autoritarismo do poder real e os mandamentos da Igreja, assumindo os riscos da liberdade, qual cordeiro angélico e inocente levado ao sacrifício, numa gesta que conduz à coroação do amor que assume a morte e, por isso, se projeta na eternidade.

O amor trágico de Inês e de Pedro, nomeadamente, a versão recriada por Camões, alimentou o imaginário popular, num misto de factos, lenda e mito, transformando-se numa história intemporal, que atraiu e inspirou, ao longo dos séculos, grande número de poetas, escritores e outros artistas de várias nacionalidades, da música ao bailado, da escultura à pintura e ao cinema.

Vamos ouvir a história de Pedro e Inês na voz de Maria de Vasconcelos. A canção, da sua autoria, chama-se “Sempre (D. Pedro e D. Inês)” e faz parte do álbum “As canções da Maria – Especial História de Portugal”.

 A Organização